07/11/2023

A LUZ E O ESPELHO: O sufismo de Jâmî e sua irradiação Oriental: minicurso com Prof. Edrisi Fernandes

UNIFESP - Campus Guarulhos

A LUZ E O ESPELHO: O sufismo de Jâmî e sua irradiação Oriental 
mini-curso presencial

Prof. Edrisi de Araújo Fernandes

Nûr al-Dîn ‘Abd al-Rahmân Jâmî (Nûruddîn ‘Abdurrahmân Jâmî; 1414-1492) é um conhecido erudito do Islã oriental do medievo tardio, renomado filósofo escrevendo em árabe e persa, o mais celebrado poeta do seu tempo e autor de refinada poesia em língua persa, e alguém cuja morte assinala aproximadamente o ocaso da era da poesia mística sunita e o fim da poesia sufi clássica. No pensamento de Jâmî, teosofia akbarî (da “escola de Ibn ‘Arabî”, conhecido entre os sufis como Al-Shaykh al-Akbar, “O Grande Mestre” ), doutrinas sufis e neoplatonismo formam uma unidade exemplar; nos seus ensinamentos mais elevados a palavra mostra (transluz) ao mesmo tempo em que faz brilhar (reluz) sob forma de imagens aquilo que, em si mesmo, não possui forma. Ideias como emanação, irradiação luminosa, lampejo, aniquilação (nadificação) e, principalmente, a compreensão de que o mundo é uma manifestação de um Princípio originário, constituem algo que perfaz grande parte da tradição neoplatônica, que tem como marco definidor a concepção Platônica do Uno e do Múltiplo como princípios supremos que, dialeticamente, constituem a realidade em suas inúmeras manifestações sem, no entanto, confundirem-se com os seres. No caso de Jâmî a imagem de uma “abrangência essencial de toda a realidade pela Presença da Divindade”, consoante a doutrina da uni[ci]dade da existência (wahdat al-wujûd) parece apontar para um nível de participação mútua do Uno no/com o mundo sem entificação. O mundo como teofania é o que permite a apreensão da relação Uno/Múltiplo mantendo as diferenças próprias. Na linguagem akbarî de Jâmî, tajallî (teofania) significa “manifestação” que é “autodescerramento” de Deus. Seguindo esta perspectiva, o mundo é pensado como espelho invertido, isto é, a realidade é o duplo do Uno no sentido de autodeterminação que se caracteriza como “perda” ou “esquecimento” da Origem.  Ao homem, parte integrante do movimento processional, cabe a realização da conversão (grego epistrophé; árabe ma‘ad), ou seja, o voltar-se para a Divindade - uma tarefa para os que almejam a Unidade e a Beleza. Esse retorno é fundamentalmente erótico/estético; erótico no sentido pleno do termo, isto é, como desejo incessante entre amante e Amado(a) que anseiam a continuidade do gozo pleno. Não é por casualidade que alguns autores relacionaram a chamada poesia mística ou sacro-erótica desenvolvida na Europa entre os séculos XIV e XVI com a tradição islâmica. O encontro, nas palavras de Jâmî, é unificação entre amante e Amado(a) que se desfazem no Tu divino, na cidade do amor que não é outro local senão o coração que espelha a Beleza e a Verdade divinas.

 

Aula 1 (07/11/2023) - Poesia e Prosa como veículos de instrução filosófica no mundo persianizado;  convergências entre neoplatonismo e sufismo; introdução à "escola de Ibn 'Arabî"

Aula 2 - (08/11/2023) O pensamento místico-filosófico de Nûr al-Dîn 'Abd al-Rahmân Jâmî

Aula 3 - (09/11/2023) O sufismo de Jâmî, a doutrina da Wahdat al-Wujûd e a asserção da Tawhîd

Aula 4 - (10/11/2023) A recepção chinesa do pensamento de Jâmî

INSCRIÇÕES: https://sistemas.unifesp.br/acad/proec-siex/index.php?page=INS&acao=1&code=24625 

Link: https://sites.google.com/site/nurunifesp/nur/a-luz-e-o-espelho-o-sufismo-de-j%C3%A2m%C3%AE-e-sua-irradia%C3%A7%C3%A3o-oriental