26/11/2024

A Racionalidade Hermenêutica e o Futuro das Humanidades

Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra / Formato Híbrido (presencial e on-line)

A Racionalidade Hermenêutica e o Futuro das Humanidades

26-28 de Novembro de 2024

Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

Formato Híbrido (presencial e on-line)

Oradores convidados: Jesus Conill Sáncho (Universidad de Valencia), Kurt C. M. Mertel (American University of Sharjah), Luiz Oosterbeek (IPT / CIPSH), Patrícia Vieira (Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra), Paula Barata Dias (Universidade de Coimbra), Willem B. Drees (Leiden University / Tilburg University), Yves Citton (Université Paris 8 Vincennes-Saint Denis)

Organização: CECH, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra em parceria com o Conseil International de la Philosophie et des Sciences Humaines (CIPSH), a Sociedade Portuguesa de Filosofia (SPF) e o Philosophy Program of the Department of International Studies, American University of Sharjah

 

As Humanidades enfrentam hoje um conjunto de desafios que as obrigam a repensar-se para o futuro. Recorrentemente, ouvimos falar da crise das Humanidades, com cortes no financiamento de departamentos, centros de investigação ou programas, e se questiona a sua utilidade. Face a esse cenário, a defesa das Humanidades faz-se, muitas vezes, notando o valor intrínseco da formação humanista (Ordine, A Utilidade do Inútil) e apontando as suas virtudes para a formação do pensamento crítico e da cidadania democrática (Nussbaum, Sem Fins Lucrativos). Simultaneamente, esta é uma área em profunda transformação, tendo em conta o desenvolvimento das “novas Humanidades” (Braidotti et al., New European Humanities), incluindo desenvolvimentos multi- e interdisciplinares (Humanidades Digitais, Ambientais ou Médicas). A isto acrescenta-se o esforço autorreflexivo para (re-)definir as Humanidades e pensar o seu papel face às grandes questões sociais dos nossos tempos.

Associando-se às comemorações do 75º aniversário do CIPSH e do Dia Mundial da Filosofia, e tendo em conta a necessidade de continuar a pensar o futuro das Humanidades, a Conferência “A Racionalidade Hermenêutica e o Futuro das Humanidades”, que terá lugar de 26 a 28 de Novembro de 2024 na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, tem um duplo objetivo. Por um lado, inquirir de que forma o paradigma hermenêutico das Humanidades (Schleiermacher, Dilthey, Gadamer, Ricœur, Taylor), o qual sublinha o núcleo interpretativo destas disciplinas e a sua contribuição para a formação moral do humano, ainda é frutífero para pensar estes novos desafios. Por outro lado, intervir, de forma reflexiva e crítica, no debate sobre o valor, necessidade e configurações possíveis das Humanidades do futuro.

Os resumos de propostas podem incidir sobre a seguinte lista (não exaustiva e aberta a outras possibilidades) de temas:

  1. A relevância da definição das Humanidades / ciências humanas / ciências do espírito com base na hermenêutica (incluindo as operações de compreensão e interpretação) e na sua racionalidade específica, face a paradigmas epistemológicos alternativos, e a forma como o paradigma hermenêutico pode, ou não, ajudar a responder aos desafios do presente e manter-se relevante no futuro. São exemplo de questões importantes: que importância tem a teoria da interpretação nas Humanidades?; deve a capacidade de interpretação, naquilo que tem de específico face à informação ou ao conhecimento (Citton, L’avenir des humanités), ser uma competência específica a ensinar para fazer face a problemas como a desinformação ou as teorias da conspiração?
  2. A tradição hermenêutica nas suas múltiplas vertentes (filosófica, jurídica, teológica, médica, cultural, política, social, entre outras) e as suas potencialidades: compreensão de textos, do mundo e dos outros; a importância das narrativas a nível pessoal e coletivo; hermenêutica crítica (incluindo a sua relação com a Teoria Crítica das diversas gerações da Escola de Frankfurt, com a filosofia feminista, e outras tradições críticas) e hermenêutica do diálogo multi- e intercultural; a questão da racionalidade hermenêutica (na sua diferença ou relações com outros tipos de racionalidade) e a questão da crítica do universalismo;
  3. A questão da definição e formação do humano no contexto da crítica ao antropocentrismo e ao especismo, e da necessária valorização da vida animal e do ambiente; o papel do pós-humanismo, transhumanismo e anti-humanismo e as abordagens não-essencialistas do humano; a relação entre as “Humanidades póshumanas” (Braidotti, The Posthuman) e as “Humanidades humanas” (Drees, What are the Humanities For?); o significado e as possibilidades do humano face à Inteligência artificial e à tecnologia em geral, incluindo a manipulação genética, entre outras aplicações relevantes para a compreensão e definição do humano;
  4. O papel das Humanidades na sociedade: as tarefas das Humanidades Críticas e das Humanidades Públicas face ao problema da injustiça social (por exemplo questões económicas, como a desigualdade, e epistémicas, como a injustiça hermenêutica) e à crise da democracia; a transformação da Universidade e os problemas da vida académica contemporânea (produtivismo, precariedade, etc.);
  5. A definição do “cânone” e dos currículos nas Humanidades, tendo em conta as perspetivas pós- e decoloniais; o lugar das mulheres, grupos sociais e tradições epistémicas historicamente marginalizadas nos currículos das Humanidades e o debate sobre a necessidade de diversificar os currículos;
  6. A diversidade das Artes e Humanidades e dos diversos paradigmas, escolas e orientações teóricas dessas disciplinas (das Línguas, Literaturas e Culturas à História à multiplicidade de outras disciplinas tradicionalmente de filiação humanística), e o futuro da abertura e diálogo inter-, trans- e multidisciplinar com as ciências e outras áreas; as possibilidades (e riscos?) de novas áreas como as Humanidades ambientais, digitais, médicas (incluindo o diálogo com a neurociência e as questões bioéticas) e outras áreas de formação recente ou cuja necessidade de formação futura se faz já sentir.

A Conferência decorrerá em formato híbrido, presencialmente mas com possibilidade de apresentação de comunicações remotamente. Aceitam-se propostas de comunicações individuais (200-500 palavras) ou de painéis temáticos de três comunicações sobre o mesmo tema (max. 1000-1500 palavras). O Congresso aceita comunicações em português, espanhol, inglês ou francês. A submissão das propostas deve ser feita até 27 de Setembro através do preenchimento do formulário na plataforma Fourwaves, indicando o título e resumo da proposta, nome e biografia (100-200 palavras) do autor, afiliação institucional com país de origem e e-mail de contacto, bem como a indicação da intenção de apresentar a comunicação presencialmente ou remotamente.

As propostas de painéis devem indicar claramente a autoria de cada comunicação e a ordem das mesmas. As propostas recebidas antes da data-limite serão objeto de uma notificação de decisão célere, antes da data-limite.

Calendário:
Data-limite para submissão de propostas: 27 de Setembro
Anúncio das decisões: 4 de Outubro

Prazo para Inscrições: 1 de Novembro
Normal: 80 euros
Estudantes (licenciatura, mestrado, doutoramento) não financiados, desempregados ou académicos independentes não remunerados: 40 euros
Público (com direito a certificado): 20 euros

Toda a informação adicional pode ser encontrada na página web da Conferência. Qualquer pedido de esclarecimento deve ser enviado para futurehumanitieshermeneutics@gmail.com.

Comissão Organizadora: Gonçalo Marcelo (coord.), João Paulo Costa, José Beato, Inês Salgueiro, Martinho Soares – Universidade de Coimbra

Comissão Científica: Adela Cortina (Universidad de Valencia), Alexandre Franco de Sá (Universidade de Coimbra), Ana Isabel Figueiredo Sol (Universidade de Coimbra), André Barata (Universidade da Beira Interior), Carmen Soares (Universidade de Coimbra), Diogo Ferrer (Universidade de Coimbra), Fernanda Henriques (Universidade de Évora), Luís Umbelino (Universidade de Coimbra), Kurt C. M. Mertel (American University of Sharjah), Luiz Oosterbeek (Instituto Politécnico de Tomar / CIPSH), Maria Luísa Portocarrero (Universidade de Coimbra), Robin Celikates (Freie Universität Berlin)

Comissão Executiva: Ana Nistal Freijo, Bruno Hinrichsen, Eulália Marques, Francisco da Costa Espada, João Emanuel Diogo, Leonardo Tavares – Universidade de Coimbra, Rafael Lima Barros de Oliveira (Université Paris Nanterre)

Com o apoio de: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Fourwaves

Link: http://www.uc.pt/cech/humanidades/