18/11/2024
FILARCH 24 - Architecture, Aesthetics and Technology / Arquitectura, Estética e Tecnologia
Universidade de Coimbra, Portugal
Architecture, Aesthetics and Technology Arquitectura, Estética e Tecnologia
(Org. Constantino Pereira Martins, Murilo Mariano Vilaça, Eduardo Queiroga)
Novembro, 19 (online)
Algumas das mais relevantes questões filosóficas da atualidade referem-se aos impactos da deliberada aceleração do processo de desenvolvimento científico e tecnológico. Novas tecnologias têm sido desenvolvidas numa velocidade inédita, podendo ser utilizadas como preciosas ferramentas de desenho do futuro da humanidade. Em certo sentido, estamos criando os meios para arquitectar o nosso futuro, com todas as possibilidades, riscos e benefícios que isso possa acarretar para nós mesmos e para o meio ambiente que habitamos. O futuro da humanidade está vinculado inextrincavelmente ao futuro da tecnociência, aos bons ou maus usos que faremos dela, desafiandonos a reunir esforços a fim de pensar a Arquitectura, a Ética, bem como uma vasta categoria de problemas que parecem surgir a cada passo em direcção a um futuro incerto para uns, mas muito definido para outros. Arquitetura é uma palavra polissémica. Dois sentidos possíveis se referem à estrutura de algo (sua arquitetura) ou ao ato de arquitetar (projetar, planejar e termos afins). Como seres humanos, temos uma arquitetura (com variações) e arquitetamos. Atualmente, como nunca antes, podemos arquitetar a nossa arquitetura. Isso se tornou possível através dos avanços nos campos científico e tecnológico. Por exemplo, compreendemos nossa arquitetura genética, nossa arquitetura cerebral, entre outros aspectos da nossa arquitetura biológica, e podemos intervir tecnologicamente sobre elas. Como a expressão do novo estágio da nossa longa atividade antropotécnica, hoje, vislumbramos um afastamento cada vez mais radical da mera adaptação natural e passiva ao ambiente. A artificialização como um processo racional de trabalho nosso sobre nós mesmos mediado por tecnologias avançadas nos levaria a um novo momento da liberação biológica e do protagonismo do humano sobre si mesmo.
As chamadas Tecnologias Convergentes (nanotecnologia, biotecnologia, tecnologia da informação e ciência cognitiva – NBIC) ou Emergentes (Inteligência Artificial, Internet das Coisas, Big Data, Realidade Aumentada, etc.) têm o potencial revolucionário de beneficiar a humanidade, disponibilizando soluções ou aperfeiçoamentos em diversas áreas (urbanística, ambiental, educacional, de saúde, etc.), franqueando-nos oportunidades excepcionais de desenvolvimento individual e coletivo, incluindo a promoção de algumas das condições de sustentabilidade para nossa sobrevivência. Contudo, por outro lado, podem gerar novos problemas e catastróficos efeitos, por exemplo, aumentando desigualdades/injustiças, gerando desemprego tecnológico massivo, causando prejuízos à democracia, culminando, até mesmo, na nossa própria extinção (risco existencial). Essa incrível ambiguidade das mudanças tecnocientíficas que marcam o nosso tempo desafia a capacidade humana de antecipar os diversos impactos das possíveis aplicações tecnológicas e de formular um conjunto de ações para lidar adequadamente com suas importantes repercussões ambientais, políticas, éticas, legais, sociais, educacionais, etc. Como se tem convencionado afirmar, tais tecnologias têm um poder disruptivo, o que é um apelo ao esforço reflexivo trans/interdisciplinar, dados os múltiplos conhecimentos incorporados no seu desenvolvimento. Na Filosofia, tem sido desenvolvido um importante aparato teórico sobre o tema. Na área, há valiosas abordagens sobre as tecnologias, mais destacadamente enfatizando as questões éticas, legais e sociais (ELSI – Ethical, Legal and Social Issues) associadas a elas. Como recorte temático, focalizaremos tecnologias com especial papel estratégico e índice de interferência em aspectos fundamentais do futuro da humanidade, o que estamos chamando de arquitetura: arquitetura das cidades e sustentabilidade; arquitetura cerebral, linguagem, IA ; e arquitetura da biologia e melhoramento da condição humana, etc., tópicos que estão sendo trabalhados dentro do ArqTech: Architecture, future and technology (https://www.uc.pt/cech/investigacao/projetoscomplementares/racionalidade-hermeneutica/filarch/projetos-de-investigacao/arqtech/ ).
A fim de promover um diálogo transdisciplinar, com contribuições de todo o espetro do conhecimento académico, a apresentação de propostas sobre os seguintes tópicos é particularmente encorajada:
1. Tecnologia e arquitetura
2. Tecnologia, Filosofia e Arquitetura
3. Tecnologia, sustentabilidade e ecologia
4. Projectos específicos (projectado, concluídos ou a concluir)
5. Autores, Arquitectos
6. Tecnologias de melhoramento humano
7. IA e cidades inteligentes
8. Novas tecnologias e questões éticas, legais e sociais
9. Futuro da humanidade e extinção da humanidade
10. Outros tópicos Architecture
Aesthetics and Technology
November, 19 (online)
Some of the most relevant philosophical questions of our time relate to the impacts of the deliberate acceleration of the process of scientific and technological development. New technologies have been developed at an unprecedented speed and can be used as precious tools for designing humanity's future. In a sense, we are creating the means to design our future, with all the possibilities, risks and benefits that this may entail for ourselves and the environment we inhabit. The future of humanity is inextricably linked to the future of technoscience, to the good or bad uses we will make of it, challenging us to join forces in order to think about Architecture, Ethics, as well as a vast category of problems that seem to emerge at every step towards an uncertain future for some, but very definite for others. Architecture is a polysemic word. Two possible meanings refer to the structure of something (its architecture) or the act of architecting (designing, planning, and similar terms). As humans, we have architecture (with variations) and are architects. Today, as never before, we can architect our architecture. This has been made possible by advances in science and technology. For example, we understand our genetic and brain architecture, among other aspects of our biological architecture, and we can technologically intervene in them. As an expression of the new stage of our prolonged anthropotechnical activity, today, we see an increasingly radical departure from mere natural and passive environmental adaptation. Artificialization as a rational process of working on ourselves mediated by advanced technologies would lead us to a new moment of biological liberation and human protagonism over itself. The so-called Converging Technologies (nanotechnology, biotechnology, information technology and cognitive science - NBIC) or Emerging Technologies (Artificial Intelligence, Internet of Things, Big Data, Augmented Reality, etc.) have the revolutionary potential to benefit humanity by providing solutions or improvements in various areas (urban, environmental, educational, health, etc.), providing us with exceptional opportunities for individual and collective development, including the promotion of some of the sustainability conditions for our survival. However, on the other hand, they can generate new problems and catastrophic effects, for example, increasing inequalities/injustices, generating massive technological unemployment, causing damage to democracy, even culminating in our own extinction (existential risk). This incredible ambiguity of the techno-scientific changes that mark our time challenges the human capacity to anticipate the various impacts of possible technological applications and to formulate a set of actions to deal adequately with their significant environmental, political, ethical, legal, social, educational repercussions, etc. As has been conventionally stated, these technologies have a disruptive power, which is a call for trans/interdisciplinary reflective effort, given the multiple knowledge incorporated in their development. Philosophy has developed an important theoretical apparatus on the subject. In the field, there are valuable approaches to technologies, most notably emphasizing the ethical, legal and social issues (ELSI - Ethical, Legal and Social Issues) associated with them. Our general objective at the event is to promote a trans/interdisciplinary debate on the subject. As a thematic section, we will focus on technologies with a special strategic role and rate of interference in fundamental aspects of the future of humanity, what we are calling architecture: architecture of cities and sustainability; brain architecture, language, AI; and architecture of biology and improvement of the human condition, etc., topics that are being worked on within ArqTech: Architecture, future and technology (https://www.uc.pt/cech/investigacao/projetoscomplementares/racionalidade-hermeneutica/filarch/projetos-de-investigacao/arqtech/ ).
In order to promote a transdisciplinary dialog, with contributions from across the spectrum of academic knowledge, the submission of proposals on the following topics is particularly encouraged:
1. Technology and architecture
2. Technology, Philosophy and Architecture
3. Technology, sustainability and ecology
4. Specific projects (projected, completed or to be completed)
5. Authors, architects
6. Human enhancement technologies
7. AI and smart cities
8. New technologies and ethical, legal and social issues
9. Future of humanity and extinction of humanity
10. Other topics