26/09/2023
Hegel, Marx e a Contemporaneidade
Curitiba
O evento tem por finalidade promover o intercâmbio científico-filosófico no âmbito das pesquisas relativas a Hegel e ao hegelianismo, a Marx e ao marxismo e às filosofias contemporâneas pós-estruturalistas, estabelecendo como fio condutor a questão acerca da proximidade e distância entre essas tradições, assim como a questão da ênfase posta – nas tentativas de atualização, de reabilitação crítica, ou mesmo de subversão de Hegel e de Marx – em categorias como “diferença”, “alteridade” ou “negatividade”.
Através dessas categorias, filósofos/as como Alain Badiou, Slavoj ?i?ek, Axel Honneth, Frank Ruda, Susan Buck-Morss, Vladimir Safatle, para citar alguns, têm buscado atualizar o pensamento de Hegel sem, no entanto, deixar de apontar seus limites. Assim, interpretações contemporâneas da teoria hegeliana do reconhecimento e da relação dialética senhor-escravo, do diagnóstico de Hegel das contradições da sociedade civil-burguesa e da noção de populaça, ou, ainda, de noções como liberdade e trabalho são, ao mesmo tempo, acompanhadas de questões acerca de possíveis déficits dos ideais modernos e universalistas defendidos pelo filósofo.
Do mesmo modo, intelectuais como Angela Davis, Cinzia Arruzza, Silvia Federici, Heleieth Saffioti, Moische Postone, Robert Kurz, Michael Löwy ou Isabel Loureiro fazem da teoria de Marx objeto de uma apropriação crítica. Ao mesmo tempo que se utilizam do aparato conceitual marxiano na abordagem de temas como o modo de produção industrial, a crise ambiental, questões de gênero, sexualidade ou raça, lutas e movimentos sociais, entre outros, põem também o problema da significação de potenciais lacunas ou possíveis desvios, em Marx ou no(s) marxismo(s), no tratamento de tais questões.
É nesse sentido que nos interessa igualmente discutir em que medida as filosofias contemporâneas pós-estruturalistas – como a de Michel Foucault, Jacques Derrida, Judith Butler, Paul B. Preciado, Donna Haraway, Rosi Braidotti – reabilitam, sob a clave das noções de “diferença” e “alteridade”, tanto as reflexões hegelianas referentes à identidade, ao reconhecimento, à igualdade e à dialética senhor-escravo, quanto as compreensões marxiana e marxista do vínculo entre poder, dominação, trabalho e classe.