11/11/2024

HEIDEGGER EM DIÁLOGO (COM A TRADIÇÃO ALEMÃ)

Universidade do Estado do Rio de Janeiro, campus Maracanã

Heidegger em diálogo: sobre a atualidade do pensamento heideggeriano e a necessidade de debatermos tradição

por Deborah Moreira Guimarães

O congresso Heidegger em diálogo (com a tradição alemã) – que está sendo organizado por Deborah Moreira Guimarães, Marco Antonio Casanova e Paulo César Gil Ferreira – acontecerá entre os dias 11 e 14 de novembro de 2024, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, campus Maracanã. 

O evento foi estruturado tendo em vista um pressuposto fundamental inerente à prática filosófica: o diálogo. Não se trata aqui apenas de reiterar a concepção de diálogo presente em toda a História da Filosofia, sobretudo, desde o Sócrates platônico, para o qual o diálogo era a base de todo o filosofar uma vez que constituía o método primordial a partir do qual a atitude (auto)crítica se instaurava, levando ao questionamento e, logo, à revisão de posturas de início calcificadas. 

Trata-se agora de acentuar o caráter propriamente hermenêutico presente no diálogo filosófico, assumindo como pressuposto metodológico o fato de que toda filosofia contém evidentemente a sua história. Dito de outro modo, não é apenas no âmbito das filosofias não-europeias que se abre a necessidade de revisão do debate histórico e, portanto, de reconstrução da historicidade que constitui o exercício filosófico entendido aqui não somente como registro historiográfico e como exegese estrutural de textos escritos, mas também como atualização de questões que mobilizaram o pensamento daqueles e daquelas com os quais sempre uma vez mais dialogamos ao fazer filosofia.

Se o presente – tal como afirma Heidegger – é o “passado vivente”, todo e qualquer problema filosófico que se feche ao seu próprio tempo histórico perde o seu caráter propriamente filosófico. A filosofia não comporta obsolescência. Reiteramos, nesse sentido, a nossa compreensão de filosofia como uma prática essencialmente atual, isto é, uma prática que não se encerra em seus próprios contextos, mas, ao contrário, que ultrapassa os limites objetivos do tempo e da história apontando para uma temporalidade e para uma historicidade próprias à racionalidade humana, à morada de realização do pensar neste tempo finito e nesta história fundante nos quais todos nós somos e nos situamos.

Portanto, o nosso intuito é debater os problemas que mobilizaram o pensamento de tais autores e que ainda nos mobilizam em nossa própria prática filosófica. Partimos do entendimento de que não há autores e autoras maiores ou menores, o que legitimaria a concepção de um suposto cânone filosófico, mas – ao contrário – autores e autoras cujas obras não foram privilegiadas pela recepção brasileira. Wilhelm Dilthey, Franz Brentano, Friedrich Schleiermacher e Edith Stein são apenas alguns dos nomes – e talvez os mais conhecidos de nossa proposta – que figuram na imensa lista de pensadores e pensadoras cujas obras não foram suficientemente exploradas e difundidas no Brasil. 

Logo, trata-se de pensar dialogicamente com Heidegger, contra Heidegger e para além de Heidegger problemas filosóficos que, de forma alguma, estão circunscritos apenas à sua própria filosofia. Seu lema é claro: “Caminhos, não obras”. Resta-nos, doravante, percorrer novamente tais caminhos (circulares?) nos quais já sempre estamos e dos quais jamais podemos sair. E, por fim, se “os círculos jamais se fecham”, como diz Marco Casanova, temos que assumir como legado histórico a tarefa do filosofar tal qual aspiração, manifestação e limite próprios à racionalidade humana.

 

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