24/09/2024

No evento Singularidades 2.0, pretendemos pensar ontologicamente e politicamente as implicações entre técnica e arte. Podemos observar que apesar de todas as suas diferenças e distâncias, em nossa contemporaneidade, grupos ecléticos de vozes, assim como outros tantos atores sociais parecem confluir para um ponto em comum, às vezes num caráter jubiloso, outras vezes num tom severo de alerta quase apocalíptico: a técnica se constitui como fenômeno central de nossa época. Tal afirmação pode ser desdobrada nos âmbitos mais diversos, como, por exemplo, o senso comum, o jornalismo, a ciência, a filosofia, a arte, etc. Isso significa que teremos diferentes reflexões e análises. O fio condutor do evento será a pergunta: O que significa dizer que nossa época é técnica? E como podemos implicar essa época técnica numa perspectiva estética, ou seja, da arte? A primeira resposta que a filosofia pode propor é aquela que diz que o sentido geral de nosso tempo, ou seja, compreendemos tecnicamente o mundo. Ora, isto implica, como reflexão filosófica, uma leitura ontológica, isto é, um conjunto de conceitos que nos posicionam perante aquilo que determinamos como o real ou realidade. Nesse sentido, a ideia do evento é verificar como a filosofia e as artes pensam ontologicamente e esteticamente a técnica. Por outro lado, a técnica deflagra profundas modificações estéticas no horizonte de nossa contemporaneidade. Do mesmo modo, no plano do estritamente artístico e/ou estético, a técnica nos propõe desafios conceituais e questionamentos sobre a relevância do belo, sobre a aprendizagem de uma nova sensibilidade e modos de percepção. Seria a arte um modo de escaparmos do excesso da produção técnica e sua produção concreta de poder e de controle sobre o coletivo? Seria a arte uma forma de inventarmos um outro modo de vida que escape à presença hipertrofiada do técnico na nossa vida? São tais indagações que se nortearão o evento.