24/09/2024

VI COLÓQUIO INTERNACIONAL ESTÉTICAS NO CENTRO: DA SÍLICA AO SILÍCIO

GOIÂNIA

VI COLÓQUIO INTERNACIONAL ESTÉTICAS NO CENTRO: DA SÍLICA AO SILÍCIO
Goiânia, 24 a 27 de setembro de 2024 (EVENTO PRESENCIAL)

Prazo para submissões: 12/09/2024 

A proposta do VI Colóquio Internacional Estéticas no Centro, realizado pela Rede de Pesquisas Estéticas no Centro, dá continuidade ao fortalecimento de parcerias já estabelecidas entre a UFG e a UnB, ampliando o diálogo com o curso de Arqueologia e do Centro de Formação de Professores da PUC-GO.

O tema, nesta edição, Da sílica ao silício insere-se na virada decolonial da Estética e das Artes Visuais, tendo por base discussões que repercutem mudanças teóricas e epistemológicas na interlocução com as artes em geral. O neologismo “decolonial” propicia pensar criticamente nas exclusões operadas pela disciplina fundante da Estética no século XVIII europeu, cujas fronteiras culturais continuam agindo para além do período pós-colonial. Ao utilizarmos o verbo “decolonizar”, pensamos que sua estranheza possa levar à teoria crítica que lhe dá suporte e expõe a impregnação cultural de preconceitos provindos das categorias estéticas fundantes, por exemplo, o que guia a ideia de beleza e busca por um padrão universal. Nesta busca, não se cria (apenas) uma condição epistêmica e abstrata ao juízo (estético) que se forma subjetivamente e pretende ser universal, mas também se instituem exclusões culturais, raciais e de gênero. Outro termo, a contracolonização, segundo Antonio Bispo, em A terra dá, a terra quer (2023), supõe de maneira radical, a diferença histórica e a violência que acometeu os povos escravizados trazidos do continente africano e os povos originários no continente latino-americano. O contra colonial se apresenta como uma fronteira bem demarcada, em cujas bordas, entretanto, torna-se possível o diálogo, caracterizado como um pensamento “afropindorâmico fronteiriço”.

A tarefa, tanto de decoloniais quanto de contra coloniais, parece sísifica. Por isso Bispo a vê como um gesto inglório, até depressivo. No entanto, é possível pensar o que, na presente proposta, importa: alcançar as pessoas que possam repercutir o exercício necessário da desconstrução de preconceitos que nos foram historicamente incrustados. Este é um dos principais objetivos dos Colóquios Estéticas no Centro já realizados (www.esteticasnocentro.org) e da proposta atual.

Pensar a decolonialidade para além do “acerto de contas”, para além do período histórico da escravização e suas perversas consequências, pode abrir uma nova dimensão temporal aliada à resistência política. Um passado independente e resistente ao colonizador, seja esse político-histórico ou cultural-contemporâneo. Passado latente, mantido pelas tradições culturais em suas religiões, lutas, rituais e histórias, que geram um futuro ... “ancestral”, para lembrarmos a frase-guia de Ailton Krenak. Pisamos em um território milenar, explorado pela Arqueologia, área de pesquisa que também passa por questionamentos decoloniais, afinal muitas/os investigações/ estudos, teorias e resultados publicados surgiram no Brasil em um contexto francamente colonizador.

Neste VI Colóquio Estéticas no Centro: da Sílica ao Silício, visamos discutir o tema das imagens que resistem ou “pervivem”, apesar da cartilha de progresso que nos foi ensinada. Arqueólogos/as, imbuídos/as da crítica decolonial, acessam lugares milenares, nos quais encontram imagens, figurações ou pictogramas em abrigos e cavernas. Difícil datar diretamente, difícil identificar e interpretar o que é visto e registrado. Com o auxílio tecnológico e digital, é possível ler o que foi invisibilizado nas rochas, seja por obra de intempéries, seja em função da ação humana destruidora. A sílica, nome geral do dióxido de silício (SiO2), e os silicatos (SiO4), é um dos óxidos mais abundantes na crosta terrestre, composto que contém silício (Si), oxigênio e metais. Ela está na matéria que forma as rochas, a areia, o quartzo e quartzitos, e serviu tanto para a feitura de instrumentos líticos no passado remoto, quanto como suporte para inscrições com uso de pigmentos: as pinturas rupestres. O elemento químico conhecido com o nome de silício (Si) é facilmente extraído da sílica e encontra-se em quase 30% da crosta terrestre. Não é o único elemento semicondutor, mas por sua abundância tornou-se o mais utilizado na produção de circuitos eletrônicos, transistores para chips e computadores. O Vale do Silício na Califórnia é a referência do uso industrial desse elemento químico em produção tecnológica considerada de ponta.

Nesse contexto, em uma exposição a ser realizada como extensão do VI Colóquio, cujo propósito atende à formação e educação do Patrimônio Cultural do Estado de Goiás, será, ainda, nosso objetivo o de apresentar o estilo Caiapônia nos sítios arqueológicos localizados em Palestina de Goiás, de forma a oferecer a tradução digital dessas imagens realizadas por arqueólogos/as da PUC-GO em parceria com artistas digitais da UFG, pois o Estado de Goiás possui vários sítios arqueológicos com pinturas rupestres, com estilos diversos. A exposição de imagens do estilo Caiapônia conta uma história diferente, uma história na qual é possível olhar para sinais de um passado distante, marcado por uma temporalidade profunda, cujos espectadores podem ser imaginados, mas não seus produtores. Como explicar a delicadeza e movimentos das figuras pintadas nas rochas dos abrigos? Ao expormos ao público atual tais imagens pretendemos surpreendê-lo, de modo a detê-lo no âmbito do que caracteriza a aisthesis: o perceber.

Nesse âmbito, apresentaremos reflexões sobre as imagens em geral, considerando sua produção, a percepção que delas se têm, seu endereçamento e o tornar público que compõem o alcance de objetos culturais/artísticos. As instâncias do perceber, fazer, endereçar e publicizar constituem a base das teorias estéticas e da filosofia da arte e são intimamente relacionadas à experiência estética moderna e contemporânea.


E, cumprindo um de seus papeis, a saber, divulgar nossa cultura e patrimônio, e as reflexões sobre ambas, informamos que o VI Colóquio será aberto ao público nas conferências, mesas de discussão e comunicações.


Sejam todas/os bem-vindas/os!!!


CHAMADA PARA COMUNICAÇÕES SERÃO ABERTAS EM BREVE 

(ATUALIZAÇÃO DO WEBSITE EM PREPARAÇÃO: www.esteticasnocentro.org)

Prazo para submissões: 12/09/2024 

 

Comissão de Organização

Link: www.esteticasnocentro.org