02/09/2024
XII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia-UFPA e IV Encontro de Pós-Graduação em Filosofia-UFPA
Auditório Setorial Básico da Universidade Federal do Pará (Campus Belém)
O XII ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (ENPF-UFPA) e o IV ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA DA UNVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (EPGF-UFPA) são iniciativas de seus discentes da graduação e a da pós-graduação em filosofia.
Em 2023, apostamos em um tema que visava destacar o potencial das diversas frentes de pesquisa em filosofia já presentes em nosso país. Perspectivas para além de uma Filosofia Eurocentrada fora então o tema selecionado com o qual a comissão organizadora do Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFPA (ENPF-UFPA) buscou conversar. Deu-se especial destaque para as seguintes linhas: filosofia brasileira, latino-americana, oriental, indígena e questões de gênero.
O XI Encontro abarcou uma pluralidade a ser dimensionada pelos futuros discentes do curso, mas deixou, para a comissão seguinte, a necessidade de afunilar a discussão em torno de demandas cujo horizonte é, para futuros professores, o mais direto: a sala de aula. Como lidar com um espaço em que as contradições parecem ser a ordem? Como lidar com um espaço que, a pretexto de ser um ambiente de formação individual cuja finalidade supõe a aquisição de características básicas rumo a um uso pleno da razão ao final deste ciclo (para o exercício da cidadania se se tem uma educação verdadeiramente libertadora, crítica e criativa), opera segundo a ordem da violência e da exlcusão?
Já aqui encontramos um problema apontado por filósofos como Amarildo Trevisan e Marcelo Perine. Para Amarildo, em capítulo publicado em Filosofia e Educação: Escola, Violência e Ética, livro editado em parceria com os professores Elisete Tomazetti e Noeli Rossato, a ideia de uma escola que internaliza e reflete violências de escalas extramuros é uma leitura que mal disfarça a ideia do contexto de violência gerado no próprio ambiente escolar quando este perpetua em sua estrutura curricular a lógica da desigualdade de nascimento. De um lado, escolas com foco progressista, abertas à realização plena do corpo e da razão humana, de outro, escolas que, quando muito, preparam para o exercício de uma função determinada. Por óbvio, trata-se de uma traição aos ideais de democratização que a escola adquiriu desde o fim da Iade Moderna. quando tomou para si a tarefa de não distinguir entre nascidos em classes sociais distintas, mas não é isso que a escola vem fazendo.
Para Marcelo Perine, em seu texto Aprendendo e Ensinando a Filosofar, o foco é saber com o que lidamos quando lidamos com filosofia. O autor faz saber que a necessidade da filosofia encontra-se de modo imediato como contraposição à violência. Portanto, se a filosofia, e, por xtensão, o professor de filosofia, é capaz de algo em sala de aula, este algo é suscitar aquilo que os gregos denominavam como espanto/admiração. Thaumazein. Todos somos capazes de atos absurdos que perpetuam a exclusão, a violência e práticas outras que testemunham contra a visão que temos de nós mesmos como seres dotados de razão. No entanto, adquirimos a razão e ela é a aposta última dos filósofos como aquilo capaz de gerar em todos os seres a indignação necessária que o espanto com o mundo, a fim de mudá-lo, traz consigo.
Assim, em 2024, os discentes da graduação e da pós-graduação em filosofia da UFPA têm o prazer de discutir a educação e a filosofia da educação; mais que isso, temos o prazer de discutir o nosso papel enquanto futuros professores de filosofia nas salas de aulas dos ensinos básico e superior.
De modo geral, a formação acadêmica do estudante de filosofia exige uma leitura atenta do cânone filosófico, textos de Platão, Aristóteles, Descartes, Hume, Rousseau, Kant, Nietzsche, Arendt, como representantes de uma certa tradição continental, ali estão presentes, bem como a filosofia analítica, passando de Frege a Kripke quando de discussões sobre lógica, metafísica e filosofia da linguagem, ou pelo impacto de Edmund Gettier na epistemologia contemporânea; para uma compreensão da ética, autoras como Philippa Foot, G. E Anscombe, Iris Murdoch, Mary Midgley encontram lugar de destaque. Logo, o estudande de filosofia tem a sua frente uma carga de leitura não só extensa como extenuante para qual pode se especializar, isso porque nossa formação preza pelo bom entendimento desses textos.
Fazer filosofia assim é de certo modo pertencer a uma confraria ou a uma conversação de séculos. Mas leitura, mesmo que seja uma boa leitura, não basta. Se se vai para a sala de aula, como é quase certo que se vai, então é preciso entender o que se quer com esses textos, com esses autores, seus problemas e seus valores. A sala de aula brasileira é um desafio - e nem tocamos no "novo ensino médio". De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 5,6% da população com 15 anos ou mais não sabiam ler ou escrever em 2022, 9,6 milhões de pessoas. Para além da discrepância de alfabetização, outras desigualdades ali imperam. Desigualdade de gênero, homofobia, racismo, falta de espaço para discussões sobre saúde mental de alunos e professores, evasão escolar, desconfiança quanto ao ensino de filosofia são alguns dos tópicos que o futuro professor terá diante de si.
É com o intuito de discutir os problemas aqui apontados que o XII ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (ENPF-UFPA) e o IV ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (EPGF-UFPA), convidam a todos os discentes de graduação e pós-graduação em filosofia e demais áreas para discutir, entre os dias 02/09/2024 e 06/09/2024, no Auditório Setorial Básico da UFPA, Campus Belém, o seguinte tema: Conexões para uma Filosofia Emancipatória: a educação como instrumento de inserção para grupos marginalizados e excluídos.
Para mais informações, acessar a página do evento ou nosso perfil no instagram: EnpfilosofiaUFPA . Acesse também nosso formulário de inscrição.
Para informações que não constam em nosso perfil no intagram ou no site, entrar em contato com a comissão organizadora pelo e-mail enpfilosofiaufpa@gmail.com.
P. S. O Cronograma anteriormente divulgado no site será alterado para que o envio de submissões seja aceito até o dia 25/07/2024. Pedimos para que as regras de submissão sejam lidas em nosso edital. A data do evento está mantida para os dias 02/09/2024 a 06/09/2024. Também será alterado o ponto de nosso edital sobre as comunicações remotas (on-line). Serão aceitas até 30 comunicações neste formato. Todas as apresentações serão realizadas na UFPA com a projeção, na mesa, das respctivas comunicações. O ENPF e o EPGF são gratuitos.