19/02/2019
Assembly: a organização multitudinária do comum
Assembly: a organização multitudinária do comum
Autores: Antonio Negri e Michael Hardt
ISBN: 978-85-94444-02-8
Editora: FILOSÓFICA POLITEIA
Edição: 2018
Número de páginas: 438
Em todo o mundo, movimentos sociais multitudinários erguem-se contra a injustiça e a dominação, tomam brevemente as manchetes ao redor do globo e, então, aos poucos, somem de vista. Mesmo quando conseguem derrubar algum líder autoritário, eles têm sido, até agora, incapazes de criar alternativas novas e duradouras. Como diz Maquiavel, eles não desenvolvem a necessária robustez de raízes e galhos para sobreviver a adversidades climáticas. A grande novidade desses movimentos é seu caráter radicalmente horizontal. Justamente por isso, muitos creem que lhes faltam a capacidade de produzir novos líderes. Onde estão, perguntam Negri e Hardt, os novos Martin Luther Kings, Rudi Dutschkes e Stephen Bikos?
Ao mesmo tempo, cresce a indignação com as políticas corruptas que beneficiam, sobretudo, as finanças e as grandes corporações. Crescem a indignação com a desigualdade social e o medo da destruição da Terra e de ecossistemas. É patente que o Estado, em larga medida, serve o capital privado, não o bem comum. Com a ascensão dos movimentos políticos de extrema-direita em vários países, tornou-se ainda mais urgente a questão da organização democrática e durável dos movimentos sociais.
Os movimentos horizontais mostraram suas insuficiências, mas não é possível voltar às formas hierarquizadas e centralizadas de representação e liderança política, seus partidos e instituições. Em vez de repudiarmos a liderança, dizem os autores de Assembly, devemos demarcar suas funções políticas centrais e, então, inventar novos mecanismos e práticas que nos permitam satisfazê-las. É um erro traduzir críticas válidas da liderança em uma recusa de organizações e instituições políticas de fôlego, banir a verticalidade apenas para fazer da horizontalidade um fetiche e ignorar a necessidade de estruturas sociais duráveis.
A partir dos conceitos desenvolvidos em Império, Multidão e Bem-estar comum, Assembly discute como os grandes movimentos sociais podem desenvolver estratégias e táticas políticas capazes de produzir formas duradouras de viver e de compartilhar a riqueza comum.
ÃÂÃÂO título deste livro, Assembly, visa apreender o poder de se reunir e de agir politicamente em conjunto. Aqui, porém, assembly não aparece de modo teoricamente exaustivo; tampouco buscamos analisar detalhadamente qualquer prática específica de assembleia ou reunião. Em vez disso, abordamos o conceito transversalmente e mostramos como ele reverbera com uma ampla rede de princípios e práticas políticas, das assembleias gerais, instituídas pelos movimentos sociais contemporâneos, às assembleias legislativas da política moderna; do direito de reunião afirmado em tradições jurídicas à liberdade de associação, central para a organização do trabalho; das diversas formas de congregação em comunidades religiosas à noção filosófica de agenciamento maquínico que constitui novas subjetividades. Assembly é uma lente que nos permite reconhecer novas possibilidades políticas democráticas.ÃÂÃÂ
Sobre os autores
ANTONIO NEGRI é filósofo e militante ligado ao operarismo italiano e aos movimentos altermundistas. Lecionou na Universidade de Pádua, na Universidade de Paris e na École Normale Supérieure de Paris.
MICHAEL HARDT é filósofo e estudioso dos movimentos sociais. Leciona na Universidade Duke, nos Estados Unidos, onde dirige o Social Movements Lab. Escrevendo juntos desde 1994, Negri e Hardt são autores da tetralogia Império, Multidão, Bem-estar Comum e Assembly. Seu pensamento dialoga com os movimentos sociais democráticos, as forças de liberação e as lutas contra a exploração do capital globalizado, propondo formas alternativas de vida e subjetivação, de produção e gozo da riqueza comum. Seus estudos propõem formas políticas e econômicas que permitam a construção de um mundo mais democrático e igualitário.