17/01/2023
Desacordo entre pares: uma defesa da atitude de humildade intelectual
Esta obra investiga o problema do desacordo racional entre pares epistêmicos. Recentemente, existe muita discussão em epistemologia sobre qual seria nosso dever epistêmico diante de um desacordo entre pares. Em outras palavras, a filosofia quer saber que regra, norma ou atitude racional devemos seguir em contextos de desacordos. Sobre esta questão, muita literatura surgiu e várias posições teórica se consolidaram como alternativas a esse problema. Para muitos autores, chamados conciliacionistas, o desacordo funciona como uma espécie de anulador da justificação, por isso, ambas as partes devem reavaliar a própria crença e atribuir peso igual à crença oposta. Outros autores, porém, defendem um anticonciliacionismo, nessa perspectiva podemos ser inflexíveis e podemos ignorar o oponente, uma vez que o desacordo não anula a justificação prévia que temos para a nossa crença. Além dessas posições extremas, recentemente vem surgindo no debate várias outras posições intermediárias. Ademais, muitos problemas e objeções vem sendo levantados para cada uma das partes envolvidas nesse debate. Os três primeiros capítulos desta obra trazem um panorama geral dessa discussão, nesses capítulos discuto as principais posições do debate – seus argumentos e seus problemas. No quarto e último capítulo defendo uma tese pessoal, esta diz que diante do desacordo com um par epistêmico devemos adotar uma atitude conciliadora de humildade intelectual. Essa atitude intelectual é conciliadora porque entende que o desacordo afeta nossa própria crença, por isso, devemos rever nossa própria justificação e considerar a crença oposta. É intelectualmente humilde porque nos faz reconhecer nossas próprias limitações intelectuais. Diferente de outras posições conciliadoras, essa atitude de humildade não é exatamente um princípio universal, sendo mais precisamente um tipo de disposição ou postura intelectual. Assim, a atitude conciliadora de humildade intelectual frente aos desacordos entre pares poderia lidar melhor com algumas objeções que são direcionadas ao conciliacionismo tradicional.