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Feminismo e capitalismo: um rompimento necessário (Editora Fi, 2024), de Roberta da Cunha Rodrigues - dissertação vencedora do Prêmio Anpof 2022

Os movimentos de mulheres que endossam uma economia liberal e são cooptados pelo capitalismo demonstraram serem insuficientes e problemáticos, pois não alcançam as raízes das opressões e alimentam um modo de produção que precisa das mais variadas violências para se manter em equilíbrio. É possível visualizar essa insuficiência a partir da obra de Betty Friedan (uma das representantes do feminismo liberal nos Estados Unidos da década de 1960), que trata a subordinação feminina como uma questão autônoma, desvinculada das outras opressões mantidas e acentuadas pelo modo de produção capitalista. Para compreender esse problema e superá-lo, será necessário explorar a teoria do valor de Karl Marx e, partindo de autoras como Silvia Federici, Angela Davis, Heleieth Saffioti e Ana Montenegro, entender como o capitalismo se utiliza de desigualdades já existentes em sociedades pré-capitalistas para solidificar marcas sociais que permitam uma maior exploração. É nesse sentido que surge a importância de analisar o que há por trás das opressões sofridas pelas mulheres, entendendo que o feminismo não pode ser compreendido como um movimento político autônomo que busca somente a libertação da mulher a partir da busca pela própria identidade, como propõe Friedan. Essa perspectiva transforma um debate político-econômico (que deve ser posto de maneira coletiva e considerando uma ruptura no atual modo de produção) numa discussão sobre empoderamento individual. Isso não significa que esse aspecto não seja relevante, mas sim que ele é insuficiente para realizar uma análise completa e profunda sobre as questões feministas.

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