29/03/2022
Nova tradução do "De Regno" em edição bilíngue chega ao mercado
A Editora Madamu acaba de lançar nova tradução do opúsculo “De Regno Ad Regem Cypri”, de S. Tomás de Aquino, em edição bilíngue. Escrito por volta de 1267, teria como destinatário o rei Hugo II, que morreu com apenas 15 anos. A morte prematura do destinatário seria uma explicação plausível para a obra ficar inacabada. Seja como for, o opúsculo “Sobre a Realeza ao Rei de Chipre” é francamente favorável à monarquia. Parece certo que a reflexão sobre a política não foi uma preocupação central de Tomás de Aquino. Tanto assim que, igualmente, regimes autoritários bem como partidários da democracia puderam servir-se das ideias de Tomás nesse domínio para sustentar seu próprio pensamento.
Na obra, S. Tomás de Aquino avalia a necessidade de um rei para a coletividade, os diferentes tipos de regimes de governo, incluindo a monarquia, a tirania, a oligarquia e a democracia, além de um regime misto, discute as recompensas de um bom rei, as funções do regime e aspectos diversos da organização de uma cidade, entre outras questões ligadas tanto à ética quanto à política.
Apesar de pequeno em termos de volume, sua repercussão posterior não foi nada restrita. No século XVI, através de Suarez, Belarmino e Vitória, sua influência chegou até Grotius e os criadores do direito internacional. Por meio de Hooker chegou a Locke, sobretudo quanto à lei natural. Suas ideias sobre vários aspectos da vida social e política humana foram incorporadas nas encíclicas papais desde a recomendação de Leão XIII na Aeterni Patris (1879) sublinhando a importância do estudo de Tomás. Teóricos relevantes como Jacques Maritain, Yves Simon, John Finnis, Alasdair MacIntyre e outros encontraram em Tomás base e inspiração para suas teorias sociais e políticas.
A nova edição do “Sobre a realeza ao Rei de Chipre” chega ao mercado em edição bilíngue, colocando ao lado do texto latino da edição Leonina a nova tradução elaborada pelo prof. Dr. Carlos Arthur Ribeiro do Nascimento, que também assina a introdução, as notas explicativas e o artigo final, “O melhor regime político de acordo com Tomás de Aquino”. Na introdução, além de contextualizar as discussões que são abordadas no texto e sua relação com o pensamento do Aquinate, o prof. Carlos Arthur elenca as principais traduções brasileiras já realizadas do De Regno, desde a primeira, datada de 1937. Com isso, mostra-nos como o pequeno texto de S. Tomás de Aquino vem despertando o interesse do público brasileiro há décadas.
SOBRE O TRADUTOR
O prof. Dr. Carlos Arthur possui graduação em Filosofia e Teologia pela Escola Dominicana de Teologia (1961), mestrado em Estudos Medievais - Université de Montréal (1967) e doutorado em Estudos Medievais - Université de Montréal (1976). Em 1992 fez pós-doutorado na Université de Montréal.
Atualmente é professor titular aposentado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em História da Filosofia, atuando principalmente nos seguintes temas: filosofia medieval (Abelardo, Tomás de Aquino e João Duns Scot).
Publicou como autor: “Um mestre no ofício: Tomás de Aquino”, “Santo Tomás de Aquino: o boi mudo da Sicília”, “Para ler Galileu Galilei”, “O que é Filosofia Medieval”, “De Tomás de Aquino a Galileu”, além de artigos em revistas especializadas e capítulos em obras coletivas.
Como tradutor facultou ao público brasileiro o acesso a obras como “Ciência e Fé: Cartas de Galileu sobre o acordo do Sistema Copernicano com a Bíblia”, “Lógica para Principiantes” de Pedro Abelardo, “Comentário ao Tratado da Trindade de Boécio”, “Suma de teologia: [Primeira parte – questões 84-89]”, “O ente e a Essência” de Tomás de Aquino, as três primeiras "Disputas Metafísicas" de Francisco Suarez, além de uma coletânea de textos de Duns Scot para a coleção Os Pensadores.