24/02/2023

Os ensaios reunidos em O devir de um estilo, resultado de mais de uma década de pesquisas, percorrem temas diversos que orbitam em torno da assim chamada epistemologia histórica, um campo de pesquisas ainda pouco explorado no Brasil. Uma introdução busca situar o seu escopo para além do cenário francês, onde a epistemologia histórica teve seus maiores expoentes no século XX, tomando como mote o pensamento do polonês Ludwik Fleck e as diversas interlocuções com autores como Robert Merton, Karl Popper, Thomas Kuhn, David Bloor, Pierre Bourdieu e Bruno Latour. Na primeira parte do livro, há um mergulho mais aprofundado nas obras de Gaston Bachelard, Jean Cavaillès, Alexandre Koyré e Georges Canguilhem, este revisitado em sua relação com Auguste Comte, e na segunda parte, uma atenção maior é prestada ao grande herdeiro dissidente da epistemologia histórica francesa, Michel Foucault. A conclusão do livro se presta a um exercício histórico-conceitual acerca de um tema bastante caro ao nosso tempo presente, a crise e suas várias acepções (médica, jurídica, moral, sanitária, política), oferecendo um exemplo possível do emprego da epistemologia histórica para a reflexão sobre um conceito da tradição, que é ainda premente.