25/08/2021

“Os textos presentes nestas Perspectivas quase filosóficas, de Nilo Reis, representam uma guinada na produção filosófica de seu autor, cujas crônicas, contos e ensaios aqui presentes demonstram uma clarividente busca por imbricar os problemas filosóficos à narrativa literária (e vice-versa), como também denunciam uma mudança de perspectiva, cada vez mais, corrente entre profissionais acadêmicos da filosofia no Brasil, qual seja: a de que a escrita exegética, corrente nos meios acadêmicos, já não contempla as necessidades de nossas reflexões filosóficas na atualidade. Trata-se de uma obra cujo princípio basilar corresponde a uma iniciativa de seu autor, a do resgate dos artifícios literários e seus instrumentos de linguagem inter-relacionados às reflexões filosóficas, cujo emprego foi instrumentalizado por uma tradição que remonta tanto a autores contemporâneos e modernos, como Camus, Sartre ou Nietzsche, como também à escrita filosófica grega clássica, a exemplo dos diálogos usualmente empregados nas peças trágicas também adotados pela dialética de Platão. Filosofia e literatura podem caminhar juntas, tendo suas respectivas tecnologias de linguagem e horizontes funcionais respeitados. Pode a ficção ilustrar uma reflexão filosófica? Pode o rigor conceitual de um pensamento filosófico orientar uma narrativa ficcional? Essas Perspectivas quase filosóficas respondem, de maneira positiva, a esses questionamentos, e este é, sem dúvida, o grande mérito desta obra”.