20/10/2024

Em meio à efervescência do Humanismo italiano, autores florentinos com formação retórica e filosófica eram atores importantes na vida política de suas cidades e, a partir desta perspectiva, escreveram textos que direta ou indiretamente envolviam ou interessavam à política interna e externa de suas cidades. Em tais textos, muitas vezes buscavam estabelecer paralelos entre a Roma antiga e a República florentina. Tal expediente retórico tinha também (e sobretudo) claros objetivos políticos, que são analisados em detalhes pelo prof. Renato Ambrosio no livro “Política e retórica no humanismo florentino (séculos XIV e XV)”.

Aliando erudição à uma agradável narrativa, o autor fornece ao leitor informações que ajudam a compreender certos textos importantes de alguns desses humanistas florentinos dos séculos XIV e XV, e de que maneira eles se utilizavam de sua formação e prática retóricas para agir politicamente no conturbado contexto da Itália daquele período.

Os humanistas analisados na obra são Coluccio Salutati e Leonardo Bruni que, em seus textos, procuravam muitas vezes estabelecer um elo histórico e político entre a cidade a que serviam, Florença, e a Roma republicana, e nessa busca se serviam, sobretudo, do pensamento político, das lições (e da prática) retórica de autores romanos como Cícero, Quintiliano e Salústio. Tal expediente, ao mesmo tempo político e retórico, permite ao leitor atual compreender como os conceitos como tirania, monarquia, democracia e república foram sendo adaptados e readaptados às necessidades políticas e sociais de cada momento histórico. Destaca-se ainda, na obra, a reprodução das fontes utilizadas em suas línguas originais junto às traduções, permitindo ao leitor o cotejo da prática tradutória.