18/04/2024

Pré-venda do livro A linguagem não pertence: fantasmas da propriedade na literatura contemporânea

https://benfeitoria.com/projeto/linguagem

Sobre a pesquisa:

“Uma linguagem não é algo que pertence”.

            A sentença de Jacques Derrida, proferida em uma das últimas entrevistas dadas pelo filósofo, em 2004, serve de ponto de partida para a investigação deste livro. A frase é tomada como pista, evidência policial de um problema na cena da literatura contemporânea: se o autor está morto, por que não cessamos de falar dele? Além disso, permanece a dúvida central de qualquer crime: quem o matou? Quem lucra com seu fim?

            “A linguagem não pertence” se articula como um relatório detetivesco em torno dessas questões, buscando entender a cena contemporânea de escrita e sua obsessão com a apropriação e a reescrita. Escrita Não Criativa, pós-produção, literatura remix, escrita sem escrita: o século XXI tem visto uma saturação de estratégias que retomam e repisam o argumento da irrestrita liberdade de ir e vir dos textos, seu potencial infinito de furto.

            Para entendê-lo, Luis Felipe Abreu persegue suspeitos como Roland Barthes, Jorge Luis Borges e Oswald de Andrade, em uma arqueologia da recusa da autoria individual no pensamento crítico do século XX. Porém, seguindo ainda Derrida, principal parceiro nesta investigação, Abreu entende que não há tradição que não se desconstrua: sua pesquisa acaba enveredando pelos becos escuros da tradição da teoria literária. Neles, parece permanecer ainda algo de fascínio para com a questão da posse do texto. Diante disso, se faz preciso provocar: roubar uma obra, uma frase, uma citação, é negar a sua propriedade ou só trocá-la de mãos?

            As duas linhas dessa investigação se encontram nas análises, na segunda parte do texto, quando são realizadas leituras em profundidade de três caso distintos de apropriação no contemporâneo. Primeiro, é discutido o caso das apropriações de livros de Borges pelos escritores argentinos Agustín Fernández Mallo e Pablo Katchadjian –processados por plágio pelo espólio do autor. Na sequência, pensa-se a Escrita Não Criativa de Kenneth Goldsmith e suas contradições, entre a cópia e a assinatura. Por fim, são discutidos poetas brasileiros contemporâneos, como Alberto Pucheu e Verônica Stigger, que esticam a corda da apropriação ao proporem uma escrita com o discurso público, pretensamente sem dono.

            Ao final, essa investigação – como todo bom romance noir – responde a cada pergunta com outra questão, concluindo a existência uma conspiração maior. Aqui, a linguagem se faz falsear, passar de mão em mão, para melhor possuir, como um fantasma, aqueles que se atrevem a tomá-la.

 

Pré-venda até 30/04, em https://benfeitoria.com/projeto/linguagem

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