19/06/2020

Chamada de Artigos Onde ainda vige a physis? O século XXI e a artificialização do mundo (Revista Perspectiva Filosófica

Onde ainda vige a physis? 

O século XXI e a artificialização do mundo. 

Heidegger entendeu que o pensamento metafísico não apenas baliza a técnica como também introduz um niilismo cada vez mais intenso, onde a physis, aquilo que faz com que as coisas sejam o que são sem serem instadas ou conscritas, é substituída por um domínio da inteligibilidade das coisas. Ele diagnosticou esse movimento a partir do elo entre a técnica e a metafísica, ambas impulsionadoras da progressiva maquinação que artificializa o mundo.  Ele tentou vislumbrar uma virada que afastasse o pensamento da destituição da physis. Heidegger se preocupou com a questão da técnica, da maquinação, e chegou a chamar o século XX de uma era atômica. O cálculo se tornou tão colossal que a physis perdeu certo vigor e a maximização técnica se tornou realidade a ponto de “uma represa não estar dentro do rio, mas o rio dentro da represa”.  

E como se dá o processo técnico no século XXI? O humano maquinal otimiza forças, detém cada vez mais soberania e estabelece novas formas de interação consigo mesmo, com a alteridade e com o mundo circundante. Ele se desloca de condições naturais de vida, modifica a sua facticidade e se refactiza no plano das tecnologias digitais, inteligências artificiais e em imagens que não se ancoram na realidade física. Esses modos de vivências e de experiências que acontecem na epocalidade na qual estamos podem ser interpretados como faces daquilo que Heidegger chama de gigantesco, que não se completou, porém, impulsiona profunda transmutação de valores socioculturais, políticos, trabalhistas e econômicos. Como é possível pensar uma virada? Afinal, o que sobra da physis? Onde é que ela ainda vige? 

A perspectiva do volume é reunir trabalhos que discutam, a partir do prisma reflexivo heideggeriano, a conjuntura técnica que se forma e se desenvolve no século XXI. As abordagens sobre essa temática são diversas e incluem múltiplos discursos, bem-vindos no volume. 

Editado por: Rodrigo Amorim Castelo Branco, Hilan Bensusan, Gerson Brea e Maria Eugênia Zabotto Pulino

Contribuições bem-vindas em português, inglês, alemão, francês, espanhol e italiano até o dia 30 de setembro de 2020. Informações: hilantra@gmail.com

Submissões: https://periodicos.ufpe.br/revistas/perspectivafilosofica/

 

Where does physis still live?

The 21st century and the artificialization of the world.

Heidegger understood that metaphysical thinking not only grounds technique but also introduces an increasingly intense nihilism, where physis, what makes things what they are without being instigated or conscribed, is replaced by the domain of the intelligibility of things. He diagnosed this movement based on the link between technics and metaphysics, where both house a progressive promotion of the artificialization of the world.  He tried to envision a turning point that would take thought away from destroying physis. Heidegger was concerned with the issue of technique, machining and even called the 20th century an atomic era. The calculation became so colossal that physis lost some of its strength and the technical intensification became a reality to the point that “a dam is not inside the river, but the river inside the dam”.

And how does the technical process take place in the 21st century? The mechanical human optimizes forces, holds more and more sovereignty and establishes new forms of interaction with herself, with otherness and with the surrounding world. It moves away from natural living conditions, changes its facticity and is refactored in terms of digital technologies, artificial intelligences and images that are not anchored in physical reality. These modes of living and experiences that take place in the time we are in can be interpreted as faces of what Heidegger calls gigantic, which has not yet been completed, however, drives a profound transmutation of socio-cultural, political, labor and economic values. How is it possible to think of a turning point? After all, what's left of physis? Where does it still lie?

This special issue will gather works that discuss, from Heidegger's perspective, the artificialization processes that are taking place in the 21st century. The multiple approaches to this are welcome in the special issue. 

Edited by: Rodrigo Amorim Castelo Branco, Hilan Bensusan, Gerson Brea and Maria Eugênia Zabotto Pulino

Contributions welcome in Portuguese, English, German, French, Spanish and Italian until September 30, 2020. Information: hilantra@gmail.com

Submissions: https://periodicos.ufpe.br/revistas/perspectivafilosofica/