02/06/2021
Chamada de artigos para dossiê temático da revista Princípios (UFRN): Carl Schmitt e o pensamento político contemporâneo
Natal/RN
A revista Princípios, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, lança a chamada seu v. 29, n. 58 (jan.-abr. 2022), com dossiê temático de título “Carl Schmitt e o pensamento político contemporâneo”
Editores convidados: Giovanni Zanotti (UnB) e Felipe Catalani (USP)
A obra de Carl Schmitt constitui, desde ao menos a segunda metade do século 20, uma referência central nos debates de filosofia política e do direito. A fama de autor maldito não impediu que, no pós-guerra, as categorias schmittianas fossem redescobertas por pensadores de diferente orientação intelectual e passassem a circular em países como a Itália, a França, os Estados Unidos e – em medida crescente – também o Brasil. A crítica do normativismo jurídico e do liberalismo político com base nos conceitos de exceção e decisão; a delimitação clássica do “político” nos termos da dicotomia amigo/inimigo; a tese da gênese colonial do equilíbrio europeu moderno e do seu colapso na obra schmittiana tardia; a análise das transformações contemporâneas da guerra regular e irregular: essas e outras posições se tornaram, para muitos, acquisições irreversíveis na autocompreensão político-jurídica das sociedades ocidentais. É de se ressaltar, em particular, o paradoxo fecundo pelo qual, no realismo desencantado de Schmitt diante da crise da modernidade, alguns acreditaram encontrar um núcleo de pensamento afim à tradição da crítica materialista, o que tornaria plausível a apropriação do teórico por excelência da ordem em uma perspectiva de emancipação social, enquanto saída possível de certas aporias do pensamento dito progressista. A presente chamada de artigos visa aprofundar a discussão sobre a natureza, as possibilidades e os limites das interseções entre a filosofia de Schmitt e as diversas correntes do pensamento político do último século, em direção tanto à reconstrução histórica quanto à proposta teórica e analítica, com atenção especial aos usos da reflexão schmittiana sobre a crise para a crítica do presente. Serão bem-vindos artigos abordando, entre outros, os seguintes tópicos:
1) A racionalidade instrumental em Schmitt e Weber;
2) Direito, técnica e o conceito do “político”;
3) Em torno do normativismo: o debate Schmitt-Kelsen;
4) Violência e exceção: Schmitt e Benjamin;
5) Contradições imanentes? Schmitt e a dialética (Hegel, Marx, teoria crítica);
6) Estado e economia: Schmitt e o ordo-liberalismo;
7) Schmitt e a matriz colonial da modernidade;
8) “Existencialismo político”: teoria do partisan como teoria do engajamento?
9) A decisão na história: Schmitt e Koselleck;
10) Sobre a escatologia política: Taubes contra Schmitt;
11) O marxismo schmittiano na Itália;
12) A Alemanha no pós-guerra: Schmitt e Habermas;
13) Soberania e biopolítica: Schmitt, Foucault, Agamben;
14) Schmitt e a guerra contemporânea;
15) Deslocamentos temporais e espaciais no pensamento da crise: estado de exceção, ruptura neoliberal e ponto de vista da periferia.
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Prazo para submissão
O prazo para submissão é 31 de outubro de 2022