02/05/2020

Chamada para artigos: Natureza e Sociedade no Antropoceno - Superando a Separação?

Os artigos aceitos serão publicados num dossiê especial da Revista Opinião Filosófica . 

Relembro ainda que a revista está aceitando submissões em regime de fluxo contínuo.  

Chamada para Artigos 

Natureza e Sociedade no Antropoceno – Superando a Separação?

Nos últimos 70 anos, a escala crescente da ação humana sobre a natureza produziu transformações irreversíveis nos sistemas da Terra cuja consequência foi uma crise ecológica com duas dimensões inter-relacionadas: por um lado, fenômenos sociais, políticos e econômicos; por outro lado, processos ambientais e naturais.

Em face destas transformações, Paul J. Crutzen e Eugene F. Stoermer sustentaram, no início dos anos 2000, que a Terra havia entrado numa nova era geológica, a qual deveria ser chamada de “Antropoceno”, considerando que a humanidade havia se tornado no fator nuclear da mudança geológica e ecológica.


Desde então, o Antropoceno se tornou no foco de debate não só nas áreas científicas tradicionais, mas também nas ciências sociais e humanas, bem como nas humanidades, debates que, no seu âmbito, incluem desde tentativas de apontar o seu início a críticas e dúvidas sobre a sua validade geral.

Um dos debates reavivados pela introdução do termo “Antropoceno” no espaço público acadêmico, mas também não-acadêmico, foi a separação secular entre Natureza e Sociedade.

Na cultura ocidental dominante, esta separação era considerada evidente, mesmo tendo sido compreendida de modos diferentes nas diversas épocas. Em tempos pré-modernos, a natureza era vista como cíclica e imutável, como uma ordem cósmica permanente que servia de modelo e cenário às comunidades humanas e às suas atividades. Em tempos modernos, a natureza se tornou na reserva sempre disponível e sempre abundante de material para propósitos humanos, embora independente deles. Num e no outro caso, a natureza era ética e politicamente indiferente, oOutroperpétuo relativamente às sociedades humanas e às relações humanas.

Esta separação não parece mais evidente. Se a ação humana se tornou capaz de transformar irreversivelmente a natureza e os seus processos, então a natureza se tornou parte integrante da sociedade, se tornou numa entidade ético-política. De facto, sociedade, natureza e os seus processos entrelaçados são tão codependentes que uma distinção clara entre elas parece quase impossível.

A indistinção entre natureza e sociedade é uma das questões básicas, mas subjacentes, que o Antropoceno ajudou a trazer a público.

O desafio colocado por este volume é repensar a relação entre Sociedade e Natureza no contexto do Antropoceno, oferecendo novos modos de lidar com esta condição recém-descoberta da humanidade como força geológica. Os autores que submetam artigos podem abordar o assunto de uma das seguintes formas:
 

  • Reformulando abordagens tradicionais à distinção;
  • Propondo novas abordagens à distinção;
  • Abandonando completamente a distinção e apresentando um novo referencial teórico.

Contributos de todas as áreas de pesquisa nas humanidades, ciências sociais, ciências humanas e áreas relacionadas serão bem acolhidos.

Editores do Volume

Davide Scarso(d.scarso@fct.unl.pt)

Professor Auxiliar -  Departamento de Ciências Sociais Aplicadas - FCT-UNL / Membro-associado CIUHCT - Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia

Nuno Pereira Castanheira(nuno.castanheira@pucrs.br)

Pesquisador PNPD/CAPES – Programa de Pós-Graduação em Filosofia – PUCRS – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul / Membro associado CFUL – Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa


Vol. 11, n. Ed. Esp. 3 (2020) 
Data-limite para Submissões
October 2020

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