26/01/2024

A presente chamada pretende, no limiar dos principais desafios ético-políticos do século XXI, interrogar que tipo de mapa conceitual permite esboçar práticas situadas na busca de biopolíticas plurais. Assim, propõe, embora a notória polissemia de acepções acerca da noção de biopolítica desde sua consagração foucaultiana, apontar um campo reflexivo capaz de tomá-la como prisma sob o qual/a partir do qual seja possível analisar o panorama sócio-histórico e político latino-americano. Nessa direção, é expresso o interesse pela crítica decolonial que surge nos sistemas periféricos desde os movimentos de independência, revelador de outras sensibilidades estéticas e morais na desconstrução da colonialidade e na invenção de novas gramáticas e práticas insurgentes nas periferias do capitalismo global. Os movimentos intelectuais anticoloniais surgidos na América Latina e no Caribe se desenvolveram em diálogo estreito com o desenvolvimento da crítica ao Norte-Global e em articulação com as reações anticoloniais na Ásia e na África, oferecendo elementos originais para se pensar e se construir outros modos de produção da vida social comprometidos com a utopia do bem comum. Num cenário demarcado pela crescente ascensão de processos de governamentalização da vida que a tornam objeto/sujeito sob o qual se inscreve e se exerce o poder, a construção de perspectivas analíticas críticas, sobretudo ampliadas por dispositivos de saber periféricos coloca-se como uma tarefa fundamental na contemporaneidade. Uma crítica de fronteira, portanto, permita explicitar as resistências que revelam a complexidade do biopoder colonial capitalista e as insurgentes capazes de indicar a construção de alternativas biopolíticas. É nessa senda que o presente número "Biopolíticas decoloniais: leituras latinoamericanas" pretende ser um espaço de construção, articulação e atualização de campos teóricos que se insiram no âmbito da construção de leituras críticas do presente desde o enfoque latino-americano.

Submissões serão aceitas até 28/04/2024.

Eixos temáticos:

 - Decolonialidade(s): feminismos, saberes tradicionais e confluências quilombolas

- Políticas Antirracistas, abolicionismos penais e culturas populares insurgentes 

- Corporeidades, sexualidades e afetos dissidentes

- Colonialismo climático, ecocídio e tecnodiversidade.

Editores convidados:

Augusto Jobim do Amaral

Evandro Pontel

Ana Gabriela Ferreira