02/12/2024
Dossiê Pornografia, Filosofia e Psicanálise
Universidade Federal do Rio de Janeiro
É com muita alegria que apresentamos o dossiê Pornografia, filosofia e psicanálise, inaugurando 42ª edição da Revista Ítaca. Este dossiê é fruto de uma parceria entre a Revista Ítaca e o grupo de estudos FILPSI. Participaram de sua organização os integrantes Bruno Pfeil, Cello Pfeil e Viviane Rodegheri, da Revista Ítaca, e Allan Henrique Bacelar da Silva, Marcos Antônio da Silva Santos Ferreira e Milena Costa Morvillo, do FILPSI.
Esta edição conta com artigos variados, abordando problematizações acerca do trabalho sexual virtual até a construção tecnobiopolítica de corpos pornificados, a fim de buscar um diálogo entre a filosofia, a psicanálise e a pornografia. Iniciamos com o artigo Pornofeitiçaria: algumas considerações sobre pornografia, trabalho e imaginação política nas ruínas do capitalismo, de Annelise Schwarcz e Clara Biondo. As autoras buscam compreender o entrelaçamento entre a pornografia e a prostituição, criticando as hierarquias de valor que atravessam a mercantilização do trabalho sexual. Trazendo autores como Paul Preciado e Virginie Despentes, Schwarcz e Biondo nos fazem refletir sobre o papel do ciclo de excitação-frustração da era farmacopornográfica, evidenciando o impacto do capitalismo tardio na produção de subjetividades pornificadas.
Em seguida, temos Pedro Ricardo Souza Morais com Hiper-sujeitos toxicopornográficos: a superação do neoliberalismo pela micropolítica da desintoxicação do desejo em Paul Preciado, no qual o autor busca investigar a constituição de um novo tipo de subjetividade, qual seja, a do hiper-sujeito farmacopornô. Possibilidades de desintoxicação do neoliberalismo são exploradas a partir de conceitos preciadianos e psicanalíticos e de mergulhos no mundo da pornografia.
Em Pornografia online, teoria crítica e masculinidade hegemônica: aproximações, Alberto Gomes de Freitas Filho e Mauricio Rodrigues de Souza refletem sobre a construção de uma masculinidade hegemônica pela ótica da produção audiovisual pornográfica.
Logo após, Marcos Antonio da Silva Santos Ferreira, com Uma incursão sobre a obra de arte, a tecnologia e a pornografia, disserta sobre a funcionalidade da pornografia pelas lentes artísticas e tecnológicas, analisando a obra de Polly Barton entremeada à de Walter Benjamin.
Também abordando a obra de arte em A pornografia como uma questão lógica e psicanalítica, Maria Cristina de Távora Sparano traz a temática da pornografia com a densidade de conceitos psicanalíticos lacanianos e com problematizações sobre o papel do audiovisual pornô na busca por satisfação, prazer e gozo.
Com Reflexões acerca da sexualidade e da pornografia: uma interpretação da psicanálise freudiana, Iara Luzia Henriques Pessoa compreende a pornografia como expressão da sexualidade humana, buscando compreender como os conceitos de pulsão escópica e fantasia atravessam a temática do mundo pornô.
Em Webcamming: transformações do mercado do sexo frente à pandemia, Eduardo Silva e Gabrielle Korczagin Padilha abordam os impactos da pandemia de COVID-19 no mercado sexual virtual. Por meio do método da cartografia, os autores apresentam uma pesquisa empírica com profissionais do ramo de webcamming, trazendo à tona discussões acerca das violências sociais que perpassam este campo.
Por fim, chegamos ao artigo Prazer visual e identificação: uma leitura possível entre teoria do cinema erótico/pornográfico e psicanálise lacaniana, de Danilo Martins Vitagliano e Vit Tiscoski Ramos, que trata da constituição do cinema a partir dos processos de identificação abordados pela psicanálise lacaniana.
Agradecemos a todas as pessoas que confiam em nosso trabalho editorial, especialmente àquelas que se dispõem a ser pareceristas, debruçando-se sobre um trabalho tão essencial para o caminhar de nossa Revista. Desejamos uma ótima leitura!