The Future of Human Enhancement | Especial XX Anpof
Murilo Vilaça
Professor e pesquisador (Fundação Oswaldo Cruz/FAPERJ/CNPq)
Nicholas Agar
Professor (University of Waikato, New Zealand)
06/08/2024 • Coluna ANPOF
Imaginem que nós, seres humanos, possamos assumir o protagonismo do processo evolutivo, dando à chamada ‘natureza humana’ o contorno que desejarmos, planejando e controlando a vida humana. Ou seja, imaginem que nós criemos os instrumentos, que tenhamos os meios necessários para selecionar, ampliar, potencializar e, quem sabe, melhorar nossas capacidades e funcionamentos.
Suponham, agora, que possamos fazer isso por meio de uma variedade tecnologias, muito mais avançadas e poderosas do que as que já existem, tais como tecnologias de seleção e edição genética; tecnologias farmacológicas; dispositivos neurotecnológicos; robótica; tecnologias digitais; IA, etc.
Esse cenário de grande desenvolvimento tecnocientífico levanta algumas das questões centrais para os campos de reflexão da filosofia prática e da ética aplicada, quando refletimos sobre o futuro da vida humana.
É possível melhorar a vida humana por meio de tecnologias? É seguro e ético intervir na nossa constituição e na da nossa descendência, alterando-as deliberadamente? Quais os limites do poder de controlar, selecionar, manipular e decidir o que nós mesmos queremos ser e o que nossa descendência será? Seremos mais beneficiados ou prejudicados por essas tecnologias e pelos seus impactos sociais? Os benefícios e riscos serão equanimemente distribuídos ou os avanços tecnológicos gerarão e agravarão as injustiças sociais, beneficiando as pessoas mais ricas e prejudicando as mais pobres e vulneráveis? Será possível criar regulações e governanças adequadas para essas tecnologias?
Numa era tecnológica avançada, o chamado futuro da natureza humana estaria em jogo, despertando reações que variam do otimismo tecnológico exagerado ao pessimismo tecnológico catastrofista.
Um mundo em que as chamadas tecnologias de melhoramento humano estejam disponíveis, causando diversos impactos disruptivos, gera mais esperança ou temor? A postura correta diante delas seria a de um radical defensor ou de um radical detrator? É possível um ‘caminho do meio’, isto é, escapar das polarizações, assumindo uma posição razoável? As questões éticas, legais, sociais, econômicas e políticas associadas ao progresso tecnológico e à expansão das aplicações das novas tecnologias podem ser abordadas de forma ponderada, sopesando racionalmente seus possíveis benefícios e malefícios?
No mini-curso The Future of Human Enhancement, os professores Nicholas Agar (University of Waikato, Nova Zelândia) e Murilo Vilaça (Fundação Oswaldo Cruz, Brasil) abordarão os aspectos centrais do debate sobre o melhoramento humano. Com uma abordagem futurista realista e ponderada, eles introduzirão os interessados no tema. A partir de um panorama do debate, que se consolidou com um dos debates filosóficos mais relevantes no início dos anos 2000, os professores projetarão nosso olhar para o que parece ser o futuro do melhoramento humano.
O minicurso "The Future of Human Enhancement" será ministrado pelos professores Dr. Murilo Vilaça (Fundação Oswaldo Cruz) e Dr. Nicholas Agar (University of Waikato) no XX Encontro Anpof, em Recife/PE. As inscrições estarão abertas às pessoas já inscritas no evento a partir do dia 15 de agosto. Haverá tradução simultânea, que será acessada pelo dispositivo de cada inscrita/o.