Nota de pesar do GT Fichte pelo falecimento do Prof. Rubens Rodrigues Torres Filho

Com profundo pesar comunicamos o falecimento do estimado Prof. Rubens Rodrigues Torres Filho, aos 82 anos, ocorrido no dia 12 de dezembro em São Paulo.

A comunidade acadêmica está órfã: o professor Rubens Rodrigues Torres Filho, o autêntico professor ultramuros, fez a passagem no dia de ontem (12 de dezembro) e deixou, através de sua extensa obra, um legado que atesta seu inigualável contributo a todo estudioso de filosofia. Como poucos, mas ao mesmo tempo de modo ímpar, Rubens soube converter ao vocabulário do idioma pátrio, recheado de manhas e nuances próprias a uma nação culturalmente tão diversa, rica e ampla como a brasileira, os textos mais intrincados dos pensadores de fala alemã. Com traduções de Kant, Fichte, Schelling, Novalis, Nietzsche, Walter Benjamin e Adorno, foi o construtor, em muitos dos casos, do primeiro acesso a esses autores, dando o pontapé inaugural em nosso país do estudo balizado e aprofundado deles. E, concomitante a sua ensaística filosófica iluminadora – a constatar em seu estudo doutoral: “O espírito e a letra: a crítica da imaginação pura em Fichte”(1972) e nos inúmeros textos reunidos em “Ensaios de Filosofia Ilustrada” (primeira edição de 1987 e em nova edição ampliada em 2004) –, deixou sua marca ainda em produções poéticas como “Investigação do olhar” (1962), “O vôo circuncunflexo”(1981), “A letra descalça” (1985), “Poros” (1989),  “Retrovar” (1993), entre outros. Rubens não fez apenas uma imensa contribuição para a cultura filosófica e literária de nosso país, ele tornou possível mesmo a própria pesquisa na área da filosofia clássica alemã, e não há pesquisador depois dele que não tenha de passar por ele, que não esteja, mesmo que à sua revelia, influenciado e determinado (destinado!) por seus trabalhos, por suas traduções, por suas reflexões e posições. Em face da exemplaridade de seu intenso labor intelectual e de todo o seu legado, não é exagero parafrasear o dito de Goethe a respeito de Fichte para o pensador brasileiro Rubens Rodrigues Torres Filho: “Aí foi o homem a quem devemos muito!”.

GT Fichte – Anpof