Patrícia Hill Collins recebe o prêmio Berggruen Prize for Philosophy & Culture
26/10/2023 • Notícias ANPOF
Patrícia Hill Collins é a vencedora da edição de 2023 do Berggruen Prize for Philosophy & Culture. Estabelecido em 2016 pelo filantropo Nicolas Berggruen, o Prêmio Berggruen de Filosofia e Cultura é um prêmio de US$ 1 milhão concedido anualmente a uma pensadora ou pensador cujas ideias moldaram profundamente a autocompreensão humana e o avanço em um mundo em rápida mudança. Ao lado de Angela Davis e bell hooks, Hill Collins é considerada uma das mais influentes pesquisadoras do feminismo negro nos Estados Unidos.
O laureado ou laureada do Prémio Berggruen, selecionado por um júri independente composto por autores, filósofos, economistas e antigos galardoados com o Prémio Nobel reconhecidos internacionalmente, é escolhido a partir de uma lista de nomeados que abrange diversos campos de investigação e prática. Durante cada período de nomeação anual, o Instituto Berggruen convida candidatos cujas ideias tenham profundidade intelectual e valor social e prático de longo prazo em nações e culturas.
Patricia Hill Collins nasceu em 1º de maio de 1948 na Filadélfia, Estados Unidos. Filha única de uma família da classe trabalhadora, com uma mãe secretária e um pai operário veterano da II Guerra Mundial, sua formação escolar ocorreu em escolas públicas, locais em que passou por momentos de silenciamento e invisibilização. Deixou a Filadélfia em 1965 para cursar a faculdade na Universidade de Brandeis em Waltham, Massachusetts, onde se formou em sociologia. Enquanto estava na faculdade, dedicou-se a promover modelos educacionais progressistas nas escolas da comunidade negra de Boston, o que lançou as bases para uma carreira que sempre foi uma junção de trabalho acadêmico e comunitário.
Collins fez seu mestrado em ensino de educação em ciências sociais na Universidade de Harvard e logo depois ensinou e participou do desenvolvimento do currículo na St. Joseph’s School e em algumas outras escolas em Roxbury, um bairro predominantemente negro em Boston. Então, em 1976, voltou ao ensino superior e atuou como diretora do Centro Africano Americano na Universidade de Tufts, em Medford. Voltou à Universidade Brandeis em 1980, onde iniciou seus estudos de doutorado em sociologia. Mudou-se para Cincinnati e ingressou no Departamento de Estudos Afro-Americanos da Universidade de Cincinnati, onde construiu sua carreira e trabalhou por vinte e três anos. Em 2005, Collins ingressou no departamento de sociologia da Universidade de Maryland como professora emérita, trabalhando questões de raça, pensamento feminista e teoria social. Em 2009, foi a primeira mulher negra a presidir a Associação Americana de Sociologia.
No premiado Pensamento feminista negro, publicado em 1990, Collins concebeu sua teoria da interseccionalidade das formas de opressão – raça, classe, gênero e sexualidade – argumentando que essas ocorrem simultaneamente, constituindo-se como forças mutuamente constitutivas que compõem um sistema abrangente de poder. O conceito de interseccionalidade, embora inicialmente articulado por Kimberlé Crenshaw, estudiosa do direito que criticou o racismo do sistema jurídico, foi analisado e teorizado por Collins. Na obra Interseccionalidade, escrita em conjunto com Sirma Bilge, Collins fornece uma introdução ao campo do conhecimento e da práxis interseccional.
Com informações do Blog da Boitempo e do site do Prêmio Berggruen