Ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro analisa período republicano no XVII Encontro Nacional da ANPOF
20/10/2016 • XVII Encontro Nacional da ANPOF
O professor de Ética e Filosofia Política da Universidade de São Paulo (USP) e ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, realizou a conferência Maquiavel para pensar a República Brasileira no segundo dia do XVII Encontro Nacional da Anpof (Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia), 18 de outubro. Janine Ribeiro analisou os principais ex-presidentes brasileiros de Getúlio Vargas a presidente impugnada Dilma Rousseff a partir dos conceitos de virtu e fortuna de Maquiavel.
Para iniciar a análise, o professor fez uma distinção entre Filosofia Política e Ciência Política. Para ele, a primeira se preocupa em identificar problemas na política e a segunda pretende lidar com o que está mais próximo do fazer político e das pessoas. Ainda segundo o professor, Maquiavel é um dos autores que mais servem para analisar a política no dia-a-dia.
Renato definiu o conceito de virtu como uma força viril capaz de tomar controle e comentou que a Modernidade é um reflexo da virtu. A obra de Maquiavel, diz o professor, exige que o governante seja um planejador. Já o conceito de fortuna pode ser definido como um acaso e algo que foge do nosso controle. O professor ainda alertou para a contextualização histórica da obra de Maquiavel. O Príncipe, obra mais conhecida do autor italiano, foi escrito em 1513.
O professor Renato Janine caracterizou os governos do ex-presidente Getúlio Vargas (1930-1945; 1951-1954) como o principal mandato de esquerda pelo qual o país já passou. Segundo ele, o suicídio de Vargas é a cartada máxima que você pode dar com a vida. Getúlio Vargas é o caso de como alguém vira fortuna através do avesso, disse o professor. O ex-ministro ainda relacionou os conceitos de virtu e fortuna com os governos de Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff.
O descontentamento com o governo da presidente impugnada Dilma Rousseff, para Janine Ribeiro, foi causado, em parte, pela imagem que foi construída do Governo Lula. Para o ex-ministro, qualquer pessoa escolhida pelo ex-presidente Lula seria eleita em 2010. Dilma foi escolhida com base no dedaço. Ela é uma causa da fortuna, afirma.
Governo Temer
Renato Janine Ribeiro, ministro da Educação entre abril e setembro de 2015, afirmou que o projeto de governo do presidente Michel Temer não passaria pelas urnas porque é impopular. Propostas do governo como a Medida Provisória (MP) do ensino médio tem, para Janine, pontos bons e problemáticos. Penso que é importante que ela seja discutida e aprimorada e creio que todas as mobilizações têm que entrar em pontos precisos.
Janine defende a interdisciplinaridade no ensino médio. Quando eu era ministro, eu deixei claro que achava mais importante as matérias terem um diálogo entre si do que reduzir o número de matérias. Ele questiona a viabilidade da redução de disciplinas no ensino médio a partir do segundo ano. Por exemplo, se você tiver foco em Matemática, vai significar 10 horas de Matemática. Isso é impossível.
Renato também reforçou que os professores do ensino básico não recebem a formação adequada e, como a profissão é pouco atrativa, corre-se o risco de haver um apagão no ensino. Depois de quatro anos, você pode não conseguir mais preencher a vaga de professores, concluiu.
Por Matheus Brito (Monitor de Comunicação)
Profa. Dra. Michele Amorim Becker (Coordenadora da Monitoria de Comunicação da ANPOF)
Para iniciar a análise, o professor fez uma distinção entre Filosofia Política e Ciência Política. Para ele, a primeira se preocupa em identificar problemas na política e a segunda pretende lidar com o que está mais próximo do fazer político e das pessoas. Ainda segundo o professor, Maquiavel é um dos autores que mais servem para analisar a política no dia-a-dia.
Renato definiu o conceito de virtu como uma força viril capaz de tomar controle e comentou que a Modernidade é um reflexo da virtu. A obra de Maquiavel, diz o professor, exige que o governante seja um planejador. Já o conceito de fortuna pode ser definido como um acaso e algo que foge do nosso controle. O professor ainda alertou para a contextualização histórica da obra de Maquiavel. O Príncipe, obra mais conhecida do autor italiano, foi escrito em 1513.
O professor Renato Janine caracterizou os governos do ex-presidente Getúlio Vargas (1930-1945; 1951-1954) como o principal mandato de esquerda pelo qual o país já passou. Segundo ele, o suicídio de Vargas é a cartada máxima que você pode dar com a vida. Getúlio Vargas é o caso de como alguém vira fortuna através do avesso, disse o professor. O ex-ministro ainda relacionou os conceitos de virtu e fortuna com os governos de Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff.
O descontentamento com o governo da presidente impugnada Dilma Rousseff, para Janine Ribeiro, foi causado, em parte, pela imagem que foi construída do Governo Lula. Para o ex-ministro, qualquer pessoa escolhida pelo ex-presidente Lula seria eleita em 2010. Dilma foi escolhida com base no dedaço. Ela é uma causa da fortuna, afirma.
Governo Temer
Renato Janine Ribeiro, ministro da Educação entre abril e setembro de 2015, afirmou que o projeto de governo do presidente Michel Temer não passaria pelas urnas porque é impopular. Propostas do governo como a Medida Provisória (MP) do ensino médio tem, para Janine, pontos bons e problemáticos. Penso que é importante que ela seja discutida e aprimorada e creio que todas as mobilizações têm que entrar em pontos precisos.
Janine defende a interdisciplinaridade no ensino médio. Quando eu era ministro, eu deixei claro que achava mais importante as matérias terem um diálogo entre si do que reduzir o número de matérias. Ele questiona a viabilidade da redução de disciplinas no ensino médio a partir do segundo ano. Por exemplo, se você tiver foco em Matemática, vai significar 10 horas de Matemática. Isso é impossível.
Renato também reforçou que os professores do ensino básico não recebem a formação adequada e, como a profissão é pouco atrativa, corre-se o risco de haver um apagão no ensino. Depois de quatro anos, você pode não conseguir mais preencher a vaga de professores, concluiu.
Por Matheus Brito (Monitor de Comunicação)
Profa. Dra. Michele Amorim Becker (Coordenadora da Monitoria de Comunicação da ANPOF)