Livro NIETZSCHE E A PSICOFISIOLOGIA FRANCESA DO SÉCULO XIX, de Wilson Antonio Frezzatti Jr.

NIETZSCHE E A PSICOFISIOLOGIA FRANCESA DO SÉCULO XIX

Wilson Antonio Frezzatti Jr.

São Paulo: Humanitas, 2019. (Coleção Nietzsche em Perspectiva)

O livro aborda a transposição das concepções da psicofisiologia francesa, especialmente de Théodule Ribot, para o pensamento filosófico de Nietzsche. A construção da fisiopsicologia nietzschiana, entendida como morfologia e doutrina do desenvolvimento da vontade de potência, se faz contra a psicologia vigente, o que lhe dá um caráter antimetafísico, antimoral e anti-idealista, características da psicologia científica de Ribot. Não se trata, porém, de uma simples transposição, pois Nietzsche ruminou, digeriu e modificou essas concepções, e as usou de acordo com suas necessidades filosóficas.

“Alertamos que não estamos considerando Nietzsche um cientista nem um seguidor das ideias de Ribot. O que queremos fazer é mostrar que o filósofo alemão compartilhava uma série de questões com a discussão francesa. Ele foi, para nós sem dúvida, inspirado por ela e por algumas noções que se faziam presentes, mas isso não significa que Nietzsche simplesmente as utilizou como conceitos científicos. Ele as modificou e as usou de acordo com suas necessidades filosóficas. Ao lado de semelhanças entre seu pensamento e o de Ribot, encontraremos diferenças que são cruciais para que o autor de Além de bem e mal mantenha sua independência filosófica e seu projeto de superação da metafísica e de elevação da cultura (a filosofia do porvir). [...] Consideramos, além disso, que a questão da prioridade da investigação acerca da cultura não está desvinculada da concepção nietzschiana de psicologia. Ao contrário, o olhar do filósofo alemão para a cultura pressupõe essa mesma psicologia. O que, mutatis mutandis, também ocorre nos textos de Ribot. Tanto em Nietzsche como no psicólogo francês, as produções culturais são vistas num campo de continuidade – e não de ruptura – com o âmbito fisiológico.”