A verdade factual e o contador de estórias em Hannah Arendt: reflexões sobre a ação política do filósofo
Ano 15 nº 30 2023 • Argumentos: Revista de Filosofia (UFC)
Autor: Judikael Castelo Branco
Resumo:
Este artigo articula a figura do contador de estórias e o conceito de verdade factual para refletir sobre elementos da filosofia de Hannah Arendt importantes também à compreensão da nossa situação política. Nele, o pensamento de Arendt é visto como tributário da história e disposto a um modelo alternativo de pensar: o pensamento narracional. Duas ideias que giram em torno da figura do contador de estórias e do conceito de verdade factual. O objetivo desta pesquisa é, então, retomar a reflexão arendtiana sobre a verdade factual a fim de compreendermos nosso próprio contexto, marcado por negacionismo e mesmo por ideias como a de “pós-verdade”. A escolha da autora não é fortuita, mas se justifica pela abordagem na qual a verdade não é tomada como questão epistemológica, neutra. Para tanto, dividimos nosso texto em quatro partes. Na primeira, retomamos aspectos essenciais na relação entre o pensamento arendtiano e a história. Na segunda, a mesma questão é vista a partir da interrogação acerca do modo adequado de responder ao “imperativo do testemunho” sobre a experiência concentracionária. Na terceira, voltamo-nos à figura do contador de estórias e do “pensamento narracional” como alternativa ao ponto de vista arquimediano. Por fim, encontramos a noção de verdade factual que, na verdade, sustenta todos momentos anteriores.
Abstract:
This article articulates the figure of the storyteller and the concept of factual truth to reflect on elements of Hannah Arendt’s philosophy that are also important for understanding our political situation. In it, Arendt's thought is seen as tributary to history and disposed to an alternative model of thinking: narrative thinking. Two ideas that revolve around the figure of the storyteller and the concept of factual truth. The goal of this research is, then, to take up again Arendt's reflection on factual truth in order to understand our own context, marked by negationism and even by ideas such as “post-truth”. The choice of the author is not fortuitous, but is justified by the approach in which truth is not taken as an epistemological, neutral issue. To this end, we divide our text into four parts. In the first, we resume essential aspects of the relation between Arendtian thought and history. In the second, the same question is seen from the point of view of the questioning of the adequate way to respond to the “imperative of testimony” about the concentrationary experience. In the third, we turn to the figure of the storyteller and “narrative thinking” as an alternative to the Archimedean point of view. Finally, we find the notion of factual truth that, in fact, underpins all previous moments.
ISSN: 1984-4255
Texto Completo: http://periodicos.ufc.br/argumentos/article/view/81430
Palavras-Chave: Hannah Arendt. História. Mundo concentracionário. Contador de estórias. Verdade factual.
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