A experiência psicológica do "Nós": alienação, comunidade e engajamento em O Ser e o Nada
Ano 16 nº 31 2024 • Argumentos: Revista de Filosofia (UFC)
Autor: Sylvia Mara Pires de Freitas
Resumo:
O artigo trata da experiência psicológica do “Nós” desenvolvida em O Ser e o Nada (SN), e que reverbera na sociabilidade da Crítica da Razão Dialética (CRD). Problematiza-se sobre qual “Nós” se fala na condição do Ser-com. Em SN, Sartre nos mostra que o fundamento das relações humanas é o conflito, uma vez que o ser-com-o-outro é fundamentado no ser-para-outro. Reflete-se, portanto, sobre a impossibilidade das experiências psicológicas do Nós-objeto e do Nós-sujeito fundamentarem a alienação e o engajamento. Parte-se da conjuntura da coletividade serial para abordar a experiência do Nós-objeto, e a necessidade da escolha individual pelo engajamento com os outros, que pode ou não ocorrer quando acontece a experiência do Nós-sujeito. Sendo assim, quando as pessoas se reconhecem como parte de uma estrutura organizada por um terceiro e visam algo em comum, o sujeito comunitário acontece. Percebe-se que, Sartre, em SN e seus desdobramentos, nos auxilia a pensar o ser-com-outro, inclusive, em um mundo virtual do século XXI. Ao longo de sua vida e embora sem êxito, Sartre se empenhou para concretizar o Ser que idealizava às pessoas: comprometidas mutuamente na construção responsável de um campo sociomaterial “desejável para uma comunidade”, inclusive nas resoluções de conflitos.
Abstract:
The article addresses the psychological experience of the "We" developed in Being and Nothingness (BN), and how it resonates within the social dynamics of Critique of Dialectical Reason (CDR). It is problematized about which "We" is spoken in the condition of Being-with. In BN, Sartre demonstrates that the foundation of human relationships is conflict, as being-with-others is rooted in being-for-others. This, therefore, reflects on the impossibility of psychological experiences of the Us-object and We-subject to support alienation and engagement. We start from the conjuncture of serial collectivity to address the experience of the Us-object, and the necessity of individual choice for engagement with others, which may or not occur when the experience of Us-object takes place. In this way, when individuals recognize themselves as part of a structure organized by a third party and aim for a common goal, the community subject happens. We noticed that Sartre, in Being and Nothingness and its developments, helps us to think about being-with-another, even in a virtual world of the 21st century. Sartre, throughout his life and although without success, strove to materialize the Being that he idealized for people: mutually committed to the responsible construction of a socio-material field “desirable for a community”, including conflict resolutions.
ISSN: 1984-4255
Texto Completo: http://periodicos.ufc.br/argumentos/article/view/92067
Palavras-Chave: Para-outro. Nós-objeto. Nós-sujeito. Existencialismo. Sartre.
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