Impasses reconstrutivos na filosofia da ciência: causas e casos

Ano 9 n°17 2017 • Argumentos: Revista de Filosofia (UFC)

Autor: Alberto Oliva

Resumo:

As teorias elaboradas pelos filósofos da ciência têm a ambição, entre outras, de entender o que confere estatuto cognitivo às teorias científicas. Almejam também buscar a elucidação conceitual ou a reconstrução racional da atividade científica. Podem igualmente se dedicar a esclarecer conceitos-chave tácita ou abertamente empregados pelos cientistas. Visando à consecução de metas como essas, os filósofos têm produzido obras de grande envergadura sobre a ciência. Contudo, as dissonâncias reconstrutivas que foram se acumulando ao longo do tempo tornam imperioso problematizar se a filosofia da ciência tem sido bem sucedida. E se depois de elaborar metaciências cujos conflitos se mantêm insuperáveis, a filosofia da ciência ainda pode buscar modos inovadores de reconstruir a ciência. As divergências que têm se mostrado recalcitrantes obrigam a filosofia com pretensões a ser realmente uma filosofia da ciência a deixar de dar primazia aos crivos e critérios que a levam a emitir juízos epistemológicos sobre a ciência que se submetem apenas marginalmente à sua realidade. Só fazendo um balanço crítico de sua própria efetividade reconstrutiva, a filosofia da ciência poderá vislumbrar modos de superar os impasses reconstrutivos em que se enredou.

Abstract:

Theories developed by philosophers of science have the ambition, among others, to understand what gives cognitive status to scientific theories. They also seek to promote the conceptual elucidation or the rational reconstruction of the scientific activity. Another aim is that of clarifying key concepts tacitly or openly employed by scientists. Aiming at the achievement of goals like these, philosophers have produced works of great magnitude on science. However, the reconstructive dissonances that have been accumulating over time make it imperative to question whether the philosophy of science has been successful, and whether, after elaborating metasciences whose conflicts remain unsurpassed, it can still seek innovative ways of reconstructing science. The divergences that have been recalcitrant compel the philosophy with pretensions to be an actual philosophy of science to stop giving primacy to the sieves and criteria that lead it to make epistemological judgments about science that submit themselves only marginally to the reality of science. Only by making a critical assessment of its own reconstructive effectiveness can philosophy of science glimpse ways of overcoming the reconstructive impasses in which it has become entangled.

ISSN: 19844255

Texto Completo: http://periodicos.ufc.br/argumentos/article/view/19969

Palavras-Chave: Reconstrução racional. Observacionalismo x teorismo. Indutivismo x dedutivismo. Internalismo x externalismo.

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