A consideração da verdade revelada na concepção da educação segundo Edith Stein

Ano 9 n°18 2017 • Argumentos: Revista de Filosofia (UFC)

Autor: Manuel Curado Mosés Rocha Farias

Resumo:

No último capítulo da obra Der Aufbau der menschlichen Person [A Estrutura da Pessoa Humana], Edith Stein afirma que a reflexão filosófica de orientação fenomenológica lhe permitia identificar algumas possibilidades essenciais do ser humano, esclarecendo a natureza do processo educativo. No entanto, Edith Stein afirma, ao mesmo tempo, que nem a experiência nem a reflexão filosófica lhe possibilitavam responder às questões relativas à origem do ser humano (origem do mundo, origem do gênero humano e origem de cada indivíduo humano). Como, porém, as questões sobre a origem sempre interpelam o ser humano, conclui-se, segundo Edith Stein, que há a possibilidade de dedicar-se a essas questões de modo válido da perspectiva da reflexão filosófica. Trata-se da possibilidade de ver o ser humano como um possível destinatário de uma revelação divina. Por sua vez, considerado o horizonte da revelação, é também possível extrair consequências para a educação ou a formação do ser humano, tocando não apenas em aspectos universais, ligados ao gênero humano, mas também procurando principalmente enfatizar o que há de individual em cada pessoa. Desse ponto de vista, um processo educativo só será completo se chegar às particularidades de cada indivíduo e se tomar a sério a possibilidade da revelação, entendendo cada pessoa como um destinatário possível dessa revelação. Pretende-se, neste artigo, explorar esse aspecto do processo formativo segundo Edith Stein, mostrando-se como o papel dos educadores é entendido pela pensadora como o de um desenvolvimento das di- mensões física (corpo material), psíquica (vitalidade e afetividade) e espiritual (pensamento e liberdade). É justamente pelo desenvolvimento do aspecto espiri- tual que se pode e deve considerar a possibilidade da revelação, que solicita uma resposta inteligente e livre de cada pessoa.

Abstract:

In the last chapter of Structure of the Human Person, Edith Stein states that philosophical reflection of phenomenological orientation allowed her to identify some essential human possibilities, clarifying the nature of the educational process. However, Edith Stein asserts at the same time that neither experience nor philosophical reflection enabled her to answer questions about the origin of the human being (namely, the origin of the world, the origin of the human race and the origin of each human individual). However, since questions of origin always question the human being, one could conclude, according to Edith Stein, that there is a possibility for human beings to dedicate themselves to these questions in a valid way from the perspective of philosophical reflection. What is at stake is the strong possibility of seeing the human being as a possible recipient of a divine revelation. In turn, considering the horizon of revelation, it is also possible to draw consequences for the education or formation of the human being, touching not only on universal aspects, related to the human race, but also seeking to emphasize the individual in each person. From this point of view, an educational process will only be complete if it reaches the particularities of each individual and takes seriously the possibility of revelation, understanding each person as a possible recipient of that revelation. This article explores this aspect of the educational process according to Edith Stein, showing how the role of educators is understood by the philosopher as a development of physical (material body), psychological (vitality and affection) and spiritual (thought and freedom) dimensions. It is precisely through the development of the spiritual dimension that one can and should consider the possibility of revelation, which calls for an intelligent and free response from each person.

ISSN: 19844255

Texto Completo: http://periodicos.ufc.br/argumentos/article/view/31029

Palavras-Chave: Verdade revelada. Educação. Edith Stein.

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