A TEIA E A ARANHA: A OBRA DE ARTE NO LIMITE DE SUA INTERPRETAÇÃO

N. 24 (2018) • Artefilosofia

Autor: Juliana de Moraes Monteiro

Resumo:

 O presente artigo propõe uma discussão a partir do livro Gosto, do autor italiano Giorgio Agamben, ainda não publicado no Brasil[1]. Neste texto, Agamben debate o modo como historicamente haveria uma cisão entre a filosofia – o campo da falta do saber – e o conhecimento – o campo do saber. Assim, Agamben recoloca a problemática sobre a impossibilidade de apreender o objeto do conhecimento, já exposta em seu livro Estâncias: a palavra e o fantasma na cultura ocidental, desenvolvendo uma leitura do Banquete de Platão, texto seminal para pensar essa questão. No Banquete, estaria exposta a cisão entre o campo epistemológico– o lugar da verdade - e a beleza – o lugar do prazer. Segundo o filósofo, o Banquete confirma a premissa de que a filosofia, por sua própria constituição terminológica enquanto philo-sophia, não procuraria deter a posse do objeto do conhecimento, mantendo em sua estrutura uma falta de algo que lhe escapa permanentemente, mas tampouco se ocuparia do gozo da beleza. Com relação à Estética, esfera que me interessa pesquisar, a formulação do conceito juízo de gosto por Kant seria uma forma, segundo Agamben, de dar notícias dessa antiga querela, ao tentar resolver essa separação. O gosto, por assim dizer, buscaria unir o lugar do conhecimento do objeto, ao julgá-lo, e o deleite das obras de arte, através do prazer desinteressado. Desse modo, proponho me amparar nas considerações de Agamben sobre o tema para forjar uma outra perspectiva que pense a relação da filosofia da arte com relação aos objetos de sua crítica, isto é, as próprias obras de arte, entendendo como elas se colocam como barreiras ao processo de significação convocado pelo conhecimento, ao mesmo tempo em que não recusam o estatuto do prazer. Busco com isso extrair uma via possível para a compreensão do campo contemporâneo da arte, ao reconhecer o limite da interpretação das obras, sempre escapável à filosofia, e resguardar para a crítica a prazerosa possibilidade de gozar daquilo que nos é mais estranho e desconhecido.

 

[1] Trata-se de um texto enviado para a autora do artigo pelo tradutor brasileiro. A tradução inédita é de Cláudio Oliveira.  Por esse motivo, todas as referências ao livro estão sem a página da citação. Assim que for publicado, a autora fará a correção.

ISSN: 2526-7892

Texto Completo: https://periodicos.ufop.br/pp/index.php/raf/article/view/861/1372

Palavras-Chave: Baudelaire,Condição humana,Erich Auerbach,Wal

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