Uma Reflexão do Modelo de Espaço Público Habermasiano

Aufklärung v. 5, n. 3 (2018) • Aufklärung - Revista de Filosofia

Autor: José Ronaldo de Oliveira Marques

Resumo:

O presente artigo tem como finalidade investigar o conceito de espaço público ou Öffentlichkeit em Habermas, como principal foco a análise e a crítica da política burguesa que, segundo o autor, reordenou o modelo de poder e de economia na sociedade Ocidental, como também a ideia de publicidade. Assim o desenvolvimento desta reflexão se situa a partir do próprio esforço que Habermas fez na sua obra inaugural sobre o espaço público em Mudança Estrutural da Esfera Pública (2003), desenvolvendo uma genealogia e um conceito de espaço público que ampliou a ideia de democracia. Habermas investigou também a natureza do espaço público político burguês que conquistou poder e ascensão social. A análise habermasiana da esfera pública diz respeito, ainda as mudanças políticas, sociais e econômicas que desenharam uma nova estruturação da sociedade entre os séculos XVIII e XX, principalmente com o advento da burguesia. Tal estruturação levou a um novo ordenamento jurídico do espaço público com leis que garantiram não só a circulação de mercadorias, mas de ideias. Com efeito, o deslocamento do poder para a burguesia gerou também mudanças na divulgação de outras ideias. No entanto, a publicidade burguesa recebeu nuances tendenciosas fazendo da imprensa um veículo de manipulação das massas. Partindo desta reflexão analisaremos a publicidade como fomentadora de uma ideologia burguesa que recebeu críticas do autor. Falar de espaço público é falar também do papel do cidadão de estado que, de acordo com filosofia kantiana, é vista a partir da ideia de concordância pública, em Hegel com a opinião pública. Já em Marx o papel do cidadão se dá pela emancipação política do proletariado. O papel do cidadão no modelo de espaço burguês fica fragmentado, pois ele perde suas capacidades comunicativas como consequência da burocratização estatal. Este modelo fragmentado é visto a partir da relação antagônica de “sistema” e “mundo da vida”, tratando a política como poder de barganha. Por fim, uma ideia de esfera pública livre e independente é central para a democracia deliberativa que tem como princípio resguardar as capacidades comunicativas dos cidadãos com o intuito de chegar a ideia de bons argumentos.

DOI: https://doi.org/10.18012/arf.2016.43718

Texto Completo: http://www.periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/arf/article/view/43718

Palavras-Chave: Burguesia, Democracia deliberativa,Espaço púb

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