Experiência e negatividade em Gadamer

v. 25 n. 1 (2020) • Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade

Autor: Felipe Ribeiro

Resumo:

 O artigo busca analisar a noção de experiência negativa utilizada por Gadamer para descrever a experiência hermenêutica. Ao fazer isso, temos como objetivo refutar duas leituras problemáticas que são feitas a respeito da experiência hermenêutica: por um lado, que esta não tem a forma positiva e otimista que uma leitura simplista de Verdade e método poderia sugerir; por outro, que o intérprete também pode estabelecer uma quebra de identificação com a tradição, o que permitirá por sua vez entender como a relação hermenêutica com a tradição não implica cega submissão a esta, sendo antes mediada por uma distância.

Abstract:

The article aims to analyze Gadamer’s notion of hermeneutic experience as a negative experience. Such exposition will allow us to criticize two common readings: on the one hand, that hermeneutic experience doesn’t take the form of a positive and optimistic experienceas many would like to assume; on the other hand, that by means of such negativity the interpreter establishes a break of identification with tradition, so that the relation to tradition doesn’t imply blind submission to it, but a relation mediated by distance.

DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2318-9800.v25i1p69-88

Palavras-Chave: Gadamer, Hermenêutica, Negatividade, Experiência, Tradição

Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade

Organizada pelo Grupo de Filosofia Crítica e Modernidade (FiCeM), um grupo de estudos constituído por professores(as) e estudantes de diferentes universidades brasileiras, a revista Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade é uma publicação semestral do Departamento de Filosofia da USP que, iniciada em 1996, pretende estimular o debate de questões importantes para a compreensão da modernidade.

Tendo como ponto de partida filósofos(as) de língua alemã, cujo papel na constituição dessa reflexão sobre a modernidade foi – e ainda é – reconhecidamente decisivo, os Cadernos de Filosofia Alemã não se circunscrevem, todavia, ao pensamento veiculado em alemão, buscando antes um alargamento de fronteiras que faça jus ao mote, entre nós consagrado, da filosofia como “um convite à liberdade e à alegria da reflexão”.