Do trabalho ao reconhecimento: Axel Honneth entre Marx e Habermas
v. 25 n. 3 (2020) - Dossiê Axel Honneth • Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade
Autor: Nathalie Bressiani
Resumo:
Em suas primeiras publicações, Axel Honneth realiza um frutífero confronto com Marx e Habermas e explicita, a partir deles, as tarefas que teriam ainda de ser enfrentadas por aqueles que procuram desenvolver uma teoria social crítica hoje. Tomando esse enfrentamento como central ao seu projeto crítico, analisarei aqui alguns textos de Honneth escritos na década de 1980 nos quais ele procura retomar o conceito de trabalho na teoria crítica e, ao tentar expandi-lo e complementá-lo, desenvolve um método de reconstrução negativa e se aproxima da categoria de reconhecimento. Com isso, meu objetivo é mostrar que a teoria honnethiana do reconhecimento pode ser compreendida como uma reformulação intersubjetiva de seu projeto inicial de desenvolver uma crítica imanente do capitalismo, que busca abarcar a dimensão moral das lutas de classe e identificar os potenciais de transformação inscritos nas experiências sociais de injustiça.
Abstract:
In his first publications, Axel Honneth makes a fruitful confrontation with Marx and Habermas and explains the tasks that would still have to be faced by those who seek to develop a critical social theory today. Taking this confrontation as central to his critical project, I will analyze here some texts written by Honneth in the 1980’s, in which he seeks to resume the concept of work in critical theory and, while trying to expand and to complement it, develops a method of negative reconstruction and approaches the recognition category. My aim is to show that Honneth’s recognition theory can be understood as an intersubjective reformulation of his initial project of developing an immanent critique of capitalism able to encompass the moral dimension of class struggles and to identify a potential for transformation based on social experiences of injustice.
DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2318-9800.v25i3p13-34
Palavras-Chave: Honneth, trabalho, reconhecimento, capitalismo, Marx, Habermas
Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade
Organizada pelo Grupo de Filosofia Crítica e Modernidade (FiCeM), um grupo de estudos constituído por professores(as) e estudantes de diferentes universidades brasileiras, a revista Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade é uma publicação semestral do Departamento de Filosofia da USP que, iniciada em 1996, pretende estimular o debate de questões importantes para a compreensão da modernidade.
Tendo como ponto de partida filósofos(as) de língua alemã, cujo papel na constituição dessa reflexão sobre a modernidade foi – e ainda é – reconhecidamente decisivo, os Cadernos de Filosofia Alemã não se circunscrevem, todavia, ao pensamento veiculado em alemão, buscando antes um alargamento de fronteiras que faça jus ao mote, entre nós consagrado, da filosofia como “um convite à liberdade e à alegria da reflexão”.