Reconstrução e indignação: Sobre o potencial transformador do último modelo de Teoria Crítica de Axel Honneth
v. 25 n. 3 (2020) - Dossiê Axel Honneth • Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade
Autor: Ricardo Crissiuma
Resumo:
Este artigo analisa o potencial transformador do último modelo de Teoria Crítica de Axel Honneth. Para tanto, ele é dividido em três seções. Primeiramente, são apresentadas as críticas contra o último modelo honnethiano de Teoria Crítica que o acusam de uma inflexão conservadora por conta de sua metodologia da reconstrução (I). A segunda seção vai focar na análise da “virada reconstrutiva” de Honneth, apresentando suas razões e consequências (II). A terceira seção enfatiza como a crítica reconstrutiva é complementada por uma “ressalva genealógica” que denuncia metacriticamente a crescente lacuna entre promessas históricas e provisões institucionais; esta instância metacrítica será reelaborada a partir do sentimento de indignação moral, abrindo um horizonte potencialmente revolucionário (III). Finalmente, o texto vai tecer breves considerações sobre a relação entre este sentimento de indignação e o comprometimento de Honneth com uma ideia reatualizada de socialismo.
Abstract:
This paper analyses the transformative potential of Axel Honneth’s latest model of Critical Theory and is divided in three sections. Firstly, it will be presented the criticisms towards Honneth’s latest model of Critical Theory revealing the largely shared assumption that normative reconstruction is responsible for a conservative bias. The second section will focus on Honneth’s “reconstrutive turn” exposing its reasons and outcomes. (II). The third section will then discuss how reconstructive critique is related to a genealogical proviso that will metacritically denounce the increasing gap between historical promises and the institutional provisions for their fulfillment; a gap that will be the source of the potentially revolutionary sentiment of moral indignation (III). Finally, the text will sketch some brief considerations on the relation of this feeling of indignation and Honneth’s commitment to a renewed idea of socialism.
DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2318-9800.v25i3p35-58
Palavras-Chave: crítica, metacrítica, indignação, Teoria Crítica, reconhecimento e reconstrução normativa
Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade
Organizada pelo Grupo de Filosofia Crítica e Modernidade (FiCeM), um grupo de estudos constituído por professores(as) e estudantes de diferentes universidades brasileiras, a revista Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade é uma publicação semestral do Departamento de Filosofia da USP que, iniciada em 1996, pretende estimular o debate de questões importantes para a compreensão da modernidade.
Tendo como ponto de partida filósofos(as) de língua alemã, cujo papel na constituição dessa reflexão sobre a modernidade foi – e ainda é – reconhecidamente decisivo, os Cadernos de Filosofia Alemã não se circunscrevem, todavia, ao pensamento veiculado em alemão, buscando antes um alargamento de fronteiras que faça jus ao mote, entre nós consagrado, da filosofia como “um convite à liberdade e à alegria da reflexão”.