Razão instrumental como liberdade negativa? Sobre o leitmotiv da teoria crítica na obra de Axel Honneth

v. 25 n. 3 (2020) - Dossiê Axel Honneth • Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade

Autor: Mariana Teixeira

Resumo:

A hipertrofia da racionalidade instrumental na modernidade capitalista é uma das características marcantes da teoria crítica em termos de diagnóstico de tempo. Esse leitmotiv parece ser contradito ou, no melhor dos cenários, ofuscado na teoria do reconhecimento de Axel Honneth, representante da chamada terceira geração dessa tradição teórica. Neste artigo, traço um panorama dos posicionamentos de Honneth a esse respeito ao longo de sua obra, de Crítica do poder a Direito da liberdade, no intuito de mostrar que seu modelo teórico não só é compatível com, como fornece as bases para, uma crítica da razão instrumental como crítica da liberdade negativa – ainda que o próprio autor não tenha levado essa conexão até suas últimas consequências.

Abstract:

The hypertrophy of instrumental rationality in capitalist modernity is one of the outstanding characteristics of critical theory in terms of time diagnosis. This leitmotiv seems to be contradicted or, at best, overshadowed in Axel Honneth’s recognition theory, representative of the so-called third generation of this theoretical tradition. In this article, I give an overview of Honneth’s stances in this regard throughout his work, from Critique of Power to Freedom’s Right, in order to show that his theoretical model is not only compatible with, but also provides the basis for, a critique of instrumental reason as a critique of negative freedom – even though the author himself has not taken this connection to its last consequences.

DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2318-9800.v25i3p137-158

Palavras-Chave: Axel Honneth, market economy, instrumental reason, civil society, negative freedom

Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade

Organizada pelo Grupo de Filosofia Crítica e Modernidade (FiCeM), um grupo de estudos constituído por professores(as) e estudantes de diferentes universidades brasileiras, a revista Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade é uma publicação semestral do Departamento de Filosofia da USP que, iniciada em 1996, pretende estimular o debate de questões importantes para a compreensão da modernidade.

Tendo como ponto de partida filósofos(as) de língua alemã, cujo papel na constituição dessa reflexão sobre a modernidade foi – e ainda é – reconhecidamente decisivo, os Cadernos de Filosofia Alemã não se circunscrevem, todavia, ao pensamento veiculado em alemão, buscando antes um alargamento de fronteiras que faça jus ao mote, entre nós consagrado, da filosofia como “um convite à liberdade e à alegria da reflexão”.