Merleau-Ponty como leitor de Schelling
v. 25 n. 4 (2020) • Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade
Autor: Rodrigo Benevides Barbosa Gomes
Resumo:
Trata-se aqui de demonstrar – por meio das obras O visível e o invisível e A Natureza: Curso do Collège de France - a leitura merleau-pontiana da Naturphilosophie de Schelling. O fenomenólogo francês vê no idealista alemão um projeto que entra em harmonia com sua ontologia do Être Brut da década de 1950, pois, como o artigo demonstra, ambos defendem uma unicidade do Ser na qual o irrompimento da vida e da consciência são compreendidos como fenômenos que ultrapassam delimitações que separam natureza e cultura, positividade e negatividade, imobilidade e expressividade, etc. Com isso, o artigo visa indicar a convergência - explicitada pelo próprio Merleau-Ponty - entre as noções de Princípio Bárbaro e Carne.
Abstract:
It is demonstrated – based on The Visible and the Invisible and Nature: Course Notes from the Collège de France - Merleau-Ponty’s reading of Schelling’s Naturphilosophie. The French phenomenologist sees in Schelling’s project a confluence with his late 1950’s ontology of Brute or Wild Being. As we shall demonstrate, both argue for a unicity of Being in which the emergence of life and consciousness must be understood as phenomena that exceeds demarcations that separate nature and culture, positivity and negativity, immobility and expressiveness, etc. Thus, the paper indicates the harmony – pointed out by Merleau-Ponty himself - between the notions of Barbarian Principle and Flesh.
DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2318-9800.v25i4p99-118
Palavras-Chave: Merleau-Ponty, Schelling, fenomenologia, ontologia
Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade
Organizada pelo Grupo de Filosofia Crítica e Modernidade (FiCeM), um grupo de estudos constituído por professores(as) e estudantes de diferentes universidades brasileiras, a revista Cadernos de Filosofia Alemã: Crítica e Modernidade é uma publicação semestral do Departamento de Filosofia da USP que, iniciada em 1996, pretende estimular o debate de questões importantes para a compreensão da modernidade.
Tendo como ponto de partida filósofos(as) de língua alemã, cujo papel na constituição dessa reflexão sobre a modernidade foi – e ainda é – reconhecidamente decisivo, os Cadernos de Filosofia Alemã não se circunscrevem, todavia, ao pensamento veiculado em alemão, buscando antes um alargamento de fronteiras que faça jus ao mote, entre nós consagrado, da filosofia como “um convite à liberdade e à alegria da reflexão”.