A moldura megárica do Teeteto de Platão

V. 38 Jan./Dez. 2024 • Educação e Filosofia

Autor: Cesar Augusto Mathias de Alencar

Resumo:

O diálogo Teeteto sempre ocupou lugar de destaque, compreendido geralmente como pertencente à fase mais madura de Platão. Uma inquietação, quase nunca analisada a fundo, está na conversa entre Euclides de Mégara e seu companheiro Térpsion que abre o Teeteto, caracterizando-o como um escrito pertencente ao filósofo megárico, cuja tradição de ensino era denunciada por sua dialética erística. Por que então Euclides, autor do Teeteto? Nossa hipótese pretende, em vista da filosofia formulada pelo socrático de Mégara, demonstrar que Platão procurou reproduzir em proveito próprio o método euclidiano, orientado por uma escrita que põe ao centro a questão da fixidez almejada pela epistéme como uma questão de discurso, apenas resolvida no âmbito das ações. As refutações das opiniões de Teeteto se tornam a demonstração negativa da impossibilidade de o lógos fixar aquilo que procede do acontecimento educativo da verdade, positivamente indicado pela arte da maiêutica e pelo modelo divino descrito na digressão. Sob essa perspectiva, o louvor à memória de Teeteto, que abre o texto platônico, aparecerá como uma homenagem a Sócrates, através da moldura do texto megárico que nos situa diante do valor inescapável do discurso dialógico como instrumento educativo.

Abstract:

The Theaetetus has always occupied a prominent place, generally understood as belonging to Plato's more mature period. A concern is found, almost never analyzed in depth, in the conversation between Euclid of Megara and his companion Terpsion that opens Theaetetus, characterizing it as a writing belonging to the Megarian philosopher, whose teaching was denounced as eristic dialectic. Why then Euclid, author of Theaetetus? Our hypothesis intends, in view of the elaborated philosophy by the Socratic of Megara, to demonstrate that Plato sought to reproduce the Euclidean method for his own benefit, guided by a writing that puts at the center the issue of fixity desired by the episteme as a matter of discourse, only surpassed within the scope of actions. The refutations of Theaetetus' opinions become the negative demonstration of the impossibility of logos to fix what proceeds from the educational event of truth, positively indicated by the art of maieutics and by the divine model described in the digression. From this perspective, the praise to Theaetetus' memory, which opens the Platonic text, will appear too as a homage to Socrates, through the framework of the Megarian text that situates us before the inescapable value of dialogic discourse as an educational instrument.

Keywords: Writhing; Knowledge; Ethics; Education; Euclides of Megara.

ISSN: 1982-596X

DOI: https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v38a2024-70321

Texto Completo: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/70321

Palavras-Chave: Escrita; Conhecimento; Ética; Educação; Euclides de Mégara.

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