REFORMA SOCIAL OU REVOLUÇÃO? Marx, Honneth e a economia de mercado capitalista

Vol. 05, N. 08 (2020) • Eleuthería - Revista do Curso de Filosofia da UFMS

Autor: Márcio Schäfer; Polyana Tidre

Resumo:

O presente trabalho busca abordar dois modelos de interpretação e, por conseguinte, de resposta às contradições sociais. Apresenta-se, na primeira parte, como Honneth explica essas contradições e quais “terapias” sugere. Seguindo a tradição hegeliana à qual se filia, Honneth interpreta a negatividade da economia de mercado capitalista não como decorrente de deficiências estruturais, mas como “desvios” ou “anomalias” (Fehlentwicklungen) a serem sanados através de um apelo à subjetividade moral dos indivíduos e, por conseguinte, ao fortalecimento de um comportamento ou consciência solidários. Isso garantiria, para Honneth, a “humanização” ou “reforma gradativa” de uma economia que fracassa na realização de suas próprias promessas. Recorrendo à análise do modo de produção capitalista empreendida por Marx na sua Crítica da Economia Política, argumentamos, na segunda parte, que as contradições sociais emergentes a partir da Modernidade são expressão de sua essência, contradições que se desenvolvem precisamente graças à realização daquelas promessas normativas. Assim, buscaremos defender a tese de que, para Marx, em oposição a Honneth, a superação dessas contradições sociais exige a superação tanto da realidade econômica que as engendra como dos princípios jurídicos que as reproduzem.

Abstract:

This article aims to examine two models of interpretation and, therefore, of response to social contradictions. In the first part we will show how Honneth explains these contradictions and which "therapies" he recommends against it. Following the Hegelian tradition to which he is affiliated, Honneth interprets the negativity of the capitalist market economy not as a result of structural deficiencies, but as “deviations” or “anomalies” (Fehlentwicklungen) to be remedied through an appeal to the moral subjectivity of individuals and therefore to the strengthening of a behavior or conscience based on solidarity. This would guarantee, for Honneth, the “humanization” or “gradual reform” of an economy that fails to fulfill its own promises. Through Marx’s analysis of the capitalist mode of production offered in his Critique of Political Economy, we argue, in the second part, that the social contradictions emerging from Modernity are the expression of its essence, contradictions that develop precisely through the fulfillment of those normative promises. Thus, we will seek to defend the thesis that, for Marx, as opposed to Honneth, overcoming these social contradictions requires overcoming both the economic reality which creates them as well as the legal principles which reproduce them.

ISSN: 2527-1393

Texto Completo: https://periodicos.ufms.br/index.php/reveleu/article/view/10366

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