NAS TEORIAS CONSEQUENCIALISTAS, HÁ UM CONFLITO ENTRE O PRINCÍPIO DA IGUALDADE E A META DE ATINGIR AS MELHORES CONSEQUÊNCIAS?

Guairacá - Revista de Filosofia v36 n2 - 2020 • Guairacá - Revista de Filosofia

Autor: Luciano Carlos Cunha

Resumo:

Uma crítica comum às teorias consequencialistas sugere que a meta de atingir as melhores consequências poderia conflitar com o princípio da igualdade. É possível que, por "princípio da igualdade", a crítica refira-se ao princípio da igual consideração, que prescreve dar peso igual aos interesses similares dos afetados por nossa decisão. Este é  um princípio formal. Ele não diz, por exemplo, que metas devemos buscar. Diz apenas que, seja lá que meta busquemos, não devemos ser tendenciosos em relação ao peso do bem de cada indivíduo afetado por nossa decisão. Por outro lado, a crítica pode fazer referência ao princípio da igualdade distributiva, um princípio substantivo que prescreve a meta de diminuir os níveis de desigualdade entre os indivíduos. Nesse artigo, defenderei que, se a crítica refere-se ao princípio da igual consideração, não há o alegado conflito, pois uma vez que uma teoria consequencialista aceita tal princípio, nos casos em que este for violado, não será alcançado aquilo que ela considera as melhores consequências. Se, por outro lado, a crítica refere-se à igualdade distributiva, ela se aplica apenas a algumas formas de consequencialismo. Assim, se a meta de alguém é diminuir a desigualdade, não tem de necessariamente rejeitar o consequencialismo.

Abstract:

A common criticism of consequentialist theories is to suggest that the goal of achieving the best consequences could conflict with the principle of equality. It is possible that, by “principle of equality”, the criticism refers to the principle of equal consideration, which prescribes giving equal weight to the similar interests of those affected by our decision. This is a formal principle. It does not say, for example, what goals we should pursue. It just says that, whatever goal we seek, we should not be biased about the weight of the wellbeing of each individual affected by our decision. On the other hand, the criticism may refer to the principle of distributive equality, a substantive principle that prescribes the goal of reducing levels of inequality between individuals. In this article, I will argue that, if the criticism refers to the principle of equal consideration, there is no conflict, because once a consequentialist theory accepts such a principle, in cases where it is violated, what such a view considers the best consequences will not be achieved. If, on the other hand, the criticism refers to distributive equality, it applies only to some forms of consequentialism. So, if someone’s goal is to reduce inequality, they don’t necessarily have to reject consequentialism.

ISSN: 2179-9180

DOI: DOI 10.5935/2179-9180.20200018

Texto Completo: https://revistas.unicentro.br/index.php/guaiaraca/article/view/6676/4642

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