VEJO, ENTENDO, AJO: UM SILOGISMO TENAZ NA COMUNICAÇÃO ESTÉTICA

Kriterion, v. 62, n. 148 (2021) • Kriterion: Revista de Filosofia

Autor: Stéphane Huchet

Resumo:

O fato de a arte ter sido e ser ainda vinculada a uma ideia moral consolida a crença histórica na sua capacidade de determinar (re)ações a partir das proposições que ela destina ao público. A arte, sobretudo na fase moderna e contemporânea, possuiria a força singular de afetar o espectador segundo um mecanismo de “gozo” que garantiria como, ao ver, eu entenderia naquilo que olho uma motivação a agir no mundo para responder a uma injunção moral presente na obra. Para pensar essa crença, que interessa, em primeira instância, a compreensão do trabalho de muitos artistas, Hans-Robert Jauss providencia argumentos decisivos. As análises de Giorgio Agamben sobre a função da “liturgia” antiga revelam-se fundamentais, também, para cernir ainda mais intensamente o que está em jogo nessa crença na possibilidade de as obras terem um efeito moral mobilizador sobre aqueles que as recebem. Todavia, cabe a Jacques Rancière questionar se o gozo estético proporcionado por essa liturgia dispara verdadeiramente no espectador uma motivação a agir.

Abstract:

The fact that art was and is still linked to a moral idea consolidates the historical belief in its ability to determine (re)actions from the propositions it destinates to the public. Art, especially in the modern and contemporary period, would have a unique strength to affect the viewer according to a mechanism of “enjoyment” (Jauss) which would ensure how, when I see, I would understand in this when I look at a motivation to act in the world to answer to a moral injunction present in the work. To investigate this belief, which concerns, in a first moment, the understanding of the work ofmany artists, Hans-Robert Jauss provides decisive arguments. Giorgio Agamben’s analyses of the function of the ancient “liturgy” are fundamental, too, to identify with more intensity what is at stake in this belief in the possibility that the works have a mobilizing moral effect on those who receive them. However, it is up to Jacques Rancière to question whether the aesthetical “enjoyment”provided by the liturgy truly triggers the spectator a motivation to act.

ISSN: 1981-5336

DOI: https://doi.org/10.1590/0100-512X2021n14808sh

Texto Completo: https://www.scielo.br/j/kr/a/x3Z5wysFnvsHCkNjHsyBBJC/?lang=pt

Palavras-Chave: arte; gozo; (re)ação; Jauss; Rancière; Agamben

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