A NEGATIVIDADE DA NATUREZA NO IDEALISMO DE J. G. FICHTE; UM EMBATE COM F. W. J. SCHELLING

Kriterion, v. 64, n. 154 (2023) • Kriterion: Revista de Filosofia

Autor: Humberto Coelho

Resumo:

Caricaturado como criador de uma filosofia subjetivista extrema, que apresenta o mundo como mero produto do pensamento, Fichte teve de confrontar em diferentes fases de sua vida acusações de ateísmo, idealismo ingênuo e simplismo. Reagiu a todas exatamente da mesma forma, reexplicando seu sistema, ou redirecionando-o para cobrir os desafios que se avolumavam. Contudo, parte de seus críticos, particularmente os que viam nele um conceito de natureza muito deficitário, como Schelling, por ocasião do forte desentendimento entre os dois por volta de 1801, crerão que a obra madura de Fichte tenta sanar o erro. A pesquisa histórica recente, no entanto, mostra que Fichte estava bem ciente dos problemas ligados à filosofia natural já por volta de 1798, e admitia ter dificuldade em resolvê-los. Defenderemos que a formulação original do conceito de natureza de Fichte não chega a ser tão distinta de sua versão posterior, e que esta não se resume a uma mera reação defensiva diante do avanço da filosofia da natureza de Schelling.

Abstract:

Considered as a radical subjectivist who presented the world as a mere product of thought, Fichte had to face charges of atheism, naïve idealism and reductionism. He always reacted identically, repeatedly explaining his system, or redirecting it in order to overcome new challenges. Even though, part of his critics especially the ones who saw in his theories a deficient concept of Nature, like Schelling, who was moved by a bitter personal and conceptual disagreement with him around 1801, would later consider Fichte’s final works as a complete reformulation. Recent historical research, however, shows that Fichte was aware of his lack of clarity concerning natural philosophy already in 1798, and he even admitted being incapable of solving the problem. We argue here that Fichte’s original conception of nature original is not so far from the new one, and that his further presentation is not a mere defensive reaction to the advancement of Schellingian philosophy of nature.

ISSN: 1981-5336

DOI: https://doi.org/10.1590/0100-512X2023n15405hc

Texto Completo: https://www.scielo.br/j/kr/a/mvmHs7cbwYx7CYZSwbB677S/?lang=pt

Palavras-Chave: Natureza; Negatividade; Eu; Subjetivismo; Idealismo

Kriterion: Revista de Filosofia

A revista Kriterion, publicação do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais, é a mais antiga do Brasil. Foi fundada em 28 de junho de 1947 e tem a missão de publicar pesquisa original e de alta qualidade em filosofia.

A Revista está indexada, atualmente, em vários importantes catálogos internacionais, como o Philosopher´s Index (EUA), MLA International Bibliography (EUA), Bibliographie de la Philosophie (Louvain, Bélgica), EBSCO (Massachusetts, EUA), SciELO (América Latina), e nacionais, como o CCN/IBICT e o Pergamum. Publica, atualmente, três números por ano. Conceito QUALIS/CAPES periódicos: A1.