HEIDEGGER: DE AGOSTINHO A ARISTÓTELES
Kriterion, v. 51, n. 121 (2010) • Kriterion: Revista de Filosofia
Autor: Costantino Espósito
Resumo:
O artigo trata da presença de St. Agostinho no pensamento heideggeriano. Agostinho não representa apenas uma fonte importante para a formação do jovem Heidegger (junto com a fenomenologia de Husserl e a filosofia aristotélica), mas também uma tendência fundamental, algumas vezes tácita, que Heidegger procura absorver e metabolizar em seu próprio pensamento. A interpretação das Confissões – em particular as leituras sobre memoria e temptatio no livro X e sobre o tempo no livro XI, realizadas durante o curso sobre Agostinho e o Neoplatonismo – é a oportunidade que tem Heidegger para tomar algumas decisões teóricas básicas. O homem é um “ser-aí” histórico e temporal que levanta a questão do ser, porque ele é em si mesmo esta própria questão. Enquanto para St. Agostinho o homem é o ente que pergunta diante de um Tu, no pensamento de Heidegger, a questão do homem – a pergunta que é o homem – é entregue ao “nada”, porque o mistério de ser não pode mais se manifestar como uma presença. A possibilidade de uma confissão, entendida como um diálogo dramático entre o “Eu” e a presença do ser, torna-se para Heidegger o sinal de finitude do “ser-aí” e de impossibilidade do próprio ser. O objetivo deste artigo é mostrar a atenção de Heidegger (em alguns cursos e ensaios escritos no início dos anos vinte) em “salvar” a descoberta agostiniana de inquietudo, interpretando-a a partir da noção aristotélica de physis – o ente que traz consigo o princípio do movimento – como uma cinética autorreferencial da vida.
Abstract:
The paper deals with Augustine’s presence in Heidegger’s thought. Indeed, Augustine is not only the main source for the young Heidegger’s training (together with Husserl’s phenomenology and Aristotle’s philosophy), but is also the fundamental inclination, sometimes hidden, that Heidegger tries to absorb and metabolize in his own thought. The Confessions’ interpretation – in particular the reading of book X on memoria and temptatio and book XI on time faced during the Lectures on Augustin and Neoplatonism – is the chance Heidegger has to make some basic theoretical decisions. Human being is nothing but an historical and temporal being-there who raises the question of being because he is in himself that question. While for Augustine the question is raised before a You, in Heidegger’s thought the question of human being – i.e. the question that human being is – is handed over to “nothing”, because the mystery of being can never become a presence. The possibility of a confession, as a dramatic dialogue between the I and the presence of being, becomes for Heidegger the sign of the finitude of the being-there and the impossibility of being in itself. The aim of the paper is to show Heidegger’s attempt (in some lectures and articles wrote during the early Twenties) to “save” Augustine’s discovery of inquietudo interpreting it on the ground of Aristotle’s physis – i.e. that being which has within itself the principle of the movement – as a self-referential kinetics of life.
Texto Completo: http://www.scielo.br/pdf/kr/v51n121/02.pdf
Palavras-Chave: História da metafísica,Fenomenologia da vida
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