David Hume, o começo e o fim
Kriterion, v. 52, n. 124 (2011) • Kriterion: Revista de Filosofia
Autor: Déborah Danowski
Resumo:
O presente artigo analisa o uso abundante por Hume de ficções que relatam o que significaria para nós a ausência de experiência – ou porque esta ainda não existiria, ou porque, por algum motivo, ela não existira mais. Sugerimos que essas ficções, além de seu objetivo mais imediato de prestar o devido reconhecimento à experiência e ao hábito como únicos fundamentos possíveis de nossas inferências de causa e efeito, revelam a tensão permanente de nossa existência entre duas forças de atração: uma força que nos puxa em direção à regularidade e uniformidade das leis da natureza e da natureza humana, afastando-nos da singularidade, da pura diferença entre percepções atômicas e da indiferença original da imaginação; e uma outra, que apenas entrevemos, mas que se mantém como uma ameaça constante por trás de todas as associações, inferências, crenças e mecanismos de paixões: o reino da pura singularidade, a recaída na indiferença, a ruína da natureza humana.
Abstract:
This paper analises some of the abundant ficticious situations conceived by Hume throughout his works to represent the absence of experience characterizing either an initial state, where experience doesn’t exist yet, or a state where it doesn’t exist anymore. We suggest that these fictitious situations, besides their more immediate goal of calling our attention to the fact that experience and habit are the only possible grounds for our causal inferences, also reveal the permanent tension between two opposite forces of attraction, to which our existences are subject according to Hume: one main force, that pulls us in the direction of the regularity and uniformity of natural laws and human nature, leading us away from the singularity, the pure difference among atomic perceptions, and the original indifference of imagination; and another force, which we perceive only in a shadowy way, but which nevertheless is present to us as a constant threat underneath all our associations, inferences, beliefs, and passions: the reign of pure singularity, the descent back into indifference, the ruin of human nature.
Texto Completo: http://www.scielo.br/pdf/kr/v52n124/a03v52n124.pdf
Palavras-Chave: David Hume,experiência,natureza humana,indife
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