VERDADE E VAZIO EM NĀGĀRJUNA: O CAPÍTULO XXIV DOS MŪLAMADHYAMAKAKĀRIKĀ

Kriterion, v. 57, n. 133 (2016) • Kriterion: Revista de Filosofia

Autor: Lucas Nascimento Machado

Resumo:

Em nosso artigo, faremos uma breve exposição sobre o capítulo XXIV (“Exame das Quatro Nobres Verdades”) dos M?lamadhyamakak?rik? (“Versos fundamentais sobre o caminho do meio”), de N?g?rjuna, e buscaremos oferecer uma defesa de nossa própria interpretação de sua filosofia, comparando-a com as interpretações semântica e pedagógica propostas, respectivamente, por Garfield e Siderits, por um lado, e Ferraro, por outro. Na nossa exposição, discutiremos a relação entre vazio, cooriginação dependente e verdade, apontando a íntima ligação entre esses termos no interior da filosofia de N?g?rjuna e buscando indicar em que sentido as quatro nobres verdades do budismo, de acordo com o filósofo, só podem ser verdadeiras se elas forem vazias. A partir dessa análise, esperamos poder estabelecer uma relação entre verdade convencional e verdade suprema, tal como abordada nesse capítulo, segundo a qual tanto a verdade convencional quanto a suprema são vazias, sendo que a diferença entre ambas consistiria em que a primeira diz respeito à existência convencional das coisas, enquanto a segunda diz respeito à ausência de essência delas. Nesse sentido, tratar-se-á de analisar como seria possível, para N?g?rjuna, uma compreensão acerca da verdade que nos parece tão contraintuitiva, a saber, a de que a verdade só é possível se for relativa (no sentido de se inserir na cooriginação dependente de todas as coisas e ser vazia de essência ou natureza própria). Esperamos, assim, fazer uma pequena contribuição para a discussão de alguns dos conceitos mais relevantes do pensamento desse importante filósofo budista, sobretudo no que diz respeito à relação da verdade suprema com o vazio. 

Abstract:

In our article, we shall make a brief exposition of the chapter XXIV (“Examination of the Four Noble Truths”) of N?g?rjuna’s M?lamadhyamakak?rik? (“The Fundamental Wisdom of The Middle Way”), and we shall attempt to offer a defense of our own interpretation of his philosophy, comparing it to the semantic and pedagogic interpretations proposed, respectively, by Garfield and Siderits, on the one hand, and Ferraro, on the other. In our exposition, we shall discuss the relationship between emptiness, dependent co-origination and truth, pointing to the intimate connection between those terms within N?g?rjuna’s philosophy and attempting to indicate in what sense the four noble truths of Buddhism, according to the philosopher, can only be true if they are empty. Through this analysis, we hope to be able to establish a relation between conventional truth and ultimate truth according to which both conventional and ultimate truth are empty, distinguishing themselves only insofar as the first one concerns the conventional existence of things, while the second one concerns the absence of essence of the very same things. With this in mind, we shall analyze how could it be possible, for N?g?rjuna, to have a comprehension on truth that seems to be so counter-intuitive, to wit, that truth is only possible if it’s relative (meaning that it is given within the dependent co-origination of all things and is empty of essence or a nature of its own). We hope thus to make a small contribution to the discussion of some of the most important concepts of this important Buddhist philosopher, especially with regard to the relation between ultimate truth and emptiness.

Texto Completo: http://www.scielo.br/pdf/kr/v57n133/0100-512X-kr-57-133-0065.pdf

Palavras-Chave: Verdade,vazio,cooriginação dependente,verdade

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