O LEGADO DE KANT NA CONCEPÇÃO JUNGUIANA DE DEUS

Inconfidentia v.1, n.1 • Revista de Filosofia Inconfidentia

Autor: ASSUMPÇÃO, Gabriel Almeida

Resumo:

Discutiremos como, para Kant, a fé (Glaube) possui uma dimensão prática, no contexto do desenvolvimento do conceito de sumo Bem (ligação necessária entre virtude como causa e felicidade moralmente proporcionada como efeito), o objeto necessário da vontade determinada pela lei moral. A lei moral conduz à fé racional pura, mediante a qual se crê na possibilidade dos postulados da razão prática pura (liberdade, imortalidade da alma e existência de Deus) atuarem na produção do sumo Bem, sendo a necessidade dos postulados o que Kant denomina carência da razão pura no uso prático. Kant, portanto, concebe os postulados como objetos de crença moral, e não de conhecimento teórico. Falaremos sobre a influência de Kant em Jung quanto à impossibilidade de um juízo teóricoquanto à existência de Deus, e sobre a divergência entre os dois, dado que Jung considera a crença algo necessariamenteirracional. A concepção junguiana de Deus será ilustrada não como afirmações sobre a existência de Deus como ens realissimum, tampouco como objeto de crença moral, mas com manifestação de estruturas inconscientes, sendo de crucial importância as noções de arquétipo e inconsciente coletivo.

Abstract:

Our present discussion is focused on how, according to Kant, faith has a practical aspect, as is shown in the development of his conception of summum bonum (highest Good), a necessary connection between virtue as a cause and morally determined happiness as an effect, the necessary object of a will determined by the moral law. For the philosopher, the moral law leads inevitably to the pure rational faith, through which one believes the postulates of pure practical reason to be possible (freedom, immortality of the soul and the existence of God) in order to make the highest Good attainable for finite beings. The necessity of the postulates is named by Kant the need of pure reason in its practical use. Kant, therefore, thinks of the postulates as objects of moral belief, and not of theoretical knowledge. We shall discuss the influence of Kant in Jung regarding the impossibility of a theoreticaljudgment regarding God’s existence, and also about some divergences, for example, the fact that Jung considers beliefas something necessarily irrational.The Junguian concept of God will not be illustrated neither as affirmations about God as ens realissimum, nor as an object of moral belief, but as a manifestation of unconscious structures. The concepts of archetype and collective unconscious will play a prominent role in this case.

ISSN: 2318-8138

Texto Completo: http://inconfidentia.famariana.edu.br/wp-content/uploads/2014/05/4.pdf

Revista de Filosofia Inconfidentia

A Revista de Filosofia InconΦidentia surgiu como veículo de divulgação e incentivo à pesquisa da Faculdade  “Dom Luciano Mendes – DLM”. O nome recebido está relacionado ao fato da instituição se situar na região dos inconfidentes em Minas Gerais – Ouro Preto e Mariana, principalmente. Ela possui caráter filosófico e tem periodicidade de seis meses. O objetivo é tanto divulgar as pesquisas docentes realizadas no sítio da instituição como dialogar com articulistas provenientes de outras instituições de ensino superior da área, sejam nacionais ou estrangeiras. A InconΦidentia recebe artigos originais, frutos de pesquisas filosóficas, resenhas de livros e tradução de textos. 

Sobre os organizadores da Revista de Filosofia InconΦidentia:

EDVALDO ANTONIO DE MELO é doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana (PUG), bolsista Capes (programa DPE), com pesquisa na área da ética. Mestre em História da Filosofia pela mesma Universidade, tendo realizado pesquisa relacionada à ética e à linguagem em Emmanuel Lévinas. Pós-graduação lato-sensu pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP - MG). Bacharel em Teologia pelo Centro de Estudos Superior de Juiz de Fora (CESJF). Bacharel e Licenciado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Diretor Acadêmico, Coordenador do Curso de Filosofia e Professor na Faculdade Dom Luciano Mendes (FDLM / Mariana-MG). Integra o grupo de pesquisa Fenomenologia e genealogia do corpo da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE / Belo Horizonte-MG). Possui experiência docente e de pesquisa no ensino superior e se interessa por questões referentes à ética, à linguagem, à ontologia, à metafísica, à fenomenologia e à literatura. Membro do CEBEL: Centro Brasileiro de Estudos Levinasianos.

MAURÍCIO DE ASSIS REIS é doutor em Filosofia Contemporânea pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre em Estética e Filosofia da Arte pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), especialista em Filosofia também pela UFOP e bacharel em Filosofia pela Faculdade Arquidiocesana de Mariana, atual Faculdade Dom Luciano Mendes; sua pesquisa refere-se às relações entre experiência , linguagem e história e seu estatuto na concepção da unidade da obra de Theodor W. Adorno. Atualmente, é Professor Assistente II pela Faculdade Dom Luciano Mendes, atuando no curso de Filosofia; Professor Nível I, Grau A, pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), atuando junto ao Departamento de Ciências Humanas da unidade de Barbacena e nos cursos de Pedagogia e Ciências Sociais; e Professor pela Univiçosa, atuando nas áreas de filosofia e ciências sociais no curso de Direito e na área de bioética nos cursos de Fisioterapia e Odontologia. É autor de “Adorno: estudos sobre experiência e pensamento” e organizador de “Entre o ser e o não-ser”; membro permanente do Grupo de Trabalho (GT) de Teoria Crítica da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (ANPOF).

CRISTIANE PIETERZACK é doutora em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. É Perita em Magistério Eclesial e Normativa Canônica pelo Studium de Roma (2015). Mestra em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (2013) com especialização em Filosofia Prática. Mestra em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (2009), com ênfase em fenomenologia e hermenêutica. Graduada em Filosofia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (2005). Tem experiência de docência universitária e de práxis filosófica. É pesquisadora na área de hermenêutica, ética e ciências da família. É coordenadora do Centro de Estudos sobre a família, da Domus ASF.