DO SILÊNCIO À DIFERENÇA: MERLEAU-PONTY E OCOGITO
Inconfidentia v.2, n.2 • Revista de Filosofia Inconfidentia
Autor: ANDRADE, André Dias de
Resumo:
Desenvolvemos aqui a leitura do Cogito cartesiano na “Fenomenologia da Percepção”, que atesta um cogito tácito, em contraste com as perspectivas de “O visível e o invisível”.Se o Cogito tácito é o silêncio da consciência que autoriza, num segundo momento, a formulá-lo no pensamento e na letra da filosofia, mais tarde será compreendido como privilégio e possibilidade linguísticos somente, sem precedência ou positividade alguma. De existência silenciosa, portanto, a mera diferença entre significações, faremos a passagem do problema da percepção àquele da linguagem e da diacriticidade, desaguando no projeto merleau-pontiano de uma filosofia que não parte da reflexão –percorremoso tema do Cogito, portanto, em torno de suas duas principais obras. Além de mapear a posição de Merleau-Ponty a respeito do tema, examinamos o diálogo de Descartes com seu aluno Burman (Entretien avec Burman), fonte que nos permite desenvolver uma defesa possível ao Cogito puro, contra o postulado do pré-reflexivo em Merleau-Ponty e, do mesmo modo, em Sartre. Trata-se doargumento da indivisibilidade da substância pensante, o qual poderia vetar a segmentação entre pré-reflexivo e reflexivo, uma vez que a passagem ao Cogito apenas instaura na intuição imediata um pensamento idêntico ao precedente. Assim, buscamos recuperar questões internas ao pensamento de Descartes, a fim de melhor contextualizar a posição deMerleau-Ponty, o qual investiga o vínculo existente entre pensamento e linguagem, Cogito e significação.
Abstract:
This paper develops the approach on cartesian Cogito present in “Fenomenology of perception”, which attests a tacit Cogito, in contrast with the perspectives of “The visible and the invisible”. If the tacit Cogito is the silence of consciousness which authorizes, on a second moment, to formulate it in the thought and language of philosophy, later it will be understood as language’s privilege and possibility only, without any precedence or positivity. From silently existence, thus, to mere difference between significations, this paper will make the move between the problem of perception to that of language and diacriticity, culminating in the Merleau-Ponty’s project of a philosophy that doesn’t begins with reflection –therefore, we will follow the problem of Cogito around the two major works of Merleau-Ponty. In addition to the map Merleau-Ponty’s position about this question, this paper examines the dialogue between Descartes and his student Burman (Entretien avec Burman), wich allows us to develop one possible defense to the pure Cogito, against Merleau-Ponty’s and also Sartre’s postulate of pre-reflexive. It refers the argument about the indivisibility of the thinking substance, wich could interdict the segmentation between pre-reflexive and reflexive, since the passage to Cogito just establishes one thought identical asthe previous in the immediate intuition. Thus, this paper seeks to recover Descartes theory’s internal questions, in order to better contextualize the position of Merleau-Ponty, who inquires the relation between thought and language, Cogito and signification.
ISSN: 2318-8138
Texto Completo: http://inconfidentia.famariana.edu.br/wp-content/uploads/2014/08/Do-sil%C3%AAncio-%C3%A0-diferen%C3%A7a.pdf
Revista de Filosofia Inconfidentia
A Revista de Filosofia InconΦidentia surgiu como veículo de divulgação e incentivo à pesquisa da Faculdade “Dom Luciano Mendes – DLM”. O nome recebido está relacionado ao fato da instituição se situar na região dos inconfidentes em Minas Gerais – Ouro Preto e Mariana, principalmente. Ela possui caráter filosófico e tem periodicidade de seis meses. O objetivo é tanto divulgar as pesquisas docentes realizadas no sítio da instituição como dialogar com articulistas provenientes de outras instituições de ensino superior da área, sejam nacionais ou estrangeiras. A InconΦidentia recebe artigos originais, frutos de pesquisas filosóficas, resenhas de livros e tradução de textos.
Sobre os organizadores da Revista de Filosofia InconΦidentia:
EDVALDO ANTONIO DE MELO é doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana (PUG), bolsista Capes (programa DPE), com pesquisa na área da ética. Mestre em História da Filosofia pela mesma Universidade, tendo realizado pesquisa relacionada à ética e à linguagem em Emmanuel Lévinas. Pós-graduação lato-sensu pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP - MG). Bacharel em Teologia pelo Centro de Estudos Superior de Juiz de Fora (CESJF). Bacharel e Licenciado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Diretor Acadêmico, Coordenador do Curso de Filosofia e Professor na Faculdade Dom Luciano Mendes (FDLM / Mariana-MG). Integra o grupo de pesquisa Fenomenologia e genealogia do corpo da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE / Belo Horizonte-MG). Possui experiência docente e de pesquisa no ensino superior e se interessa por questões referentes à ética, à linguagem, à ontologia, à metafísica, à fenomenologia e à literatura. Membro do CEBEL: Centro Brasileiro de Estudos Levinasianos.
MAURÍCIO DE ASSIS REIS é doutor em Filosofia Contemporânea pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre em Estética e Filosofia da Arte pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), especialista em Filosofia também pela UFOP e bacharel em Filosofia pela Faculdade Arquidiocesana de Mariana, atual Faculdade Dom Luciano Mendes; sua pesquisa refere-se às relações entre experiência , linguagem e história e seu estatuto na concepção da unidade da obra de Theodor W. Adorno. Atualmente, é Professor Assistente II pela Faculdade Dom Luciano Mendes, atuando no curso de Filosofia; Professor Nível I, Grau A, pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), atuando junto ao Departamento de Ciências Humanas da unidade de Barbacena e nos cursos de Pedagogia e Ciências Sociais; e Professor pela Univiçosa, atuando nas áreas de filosofia e ciências sociais no curso de Direito e na área de bioética nos cursos de Fisioterapia e Odontologia. É autor de “Adorno: estudos sobre experiência e pensamento” e organizador de “Entre o ser e o não-ser”; membro permanente do Grupo de Trabalho (GT) de Teoria Crítica da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (ANPOF).
CRISTIANE PIETERZACK é doutora em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. É Perita em Magistério Eclesial e Normativa Canônica pelo Studium de Roma (2015). Mestra em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (2013) com especialização em Filosofia Prática. Mestra em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (2009), com ênfase em fenomenologia e hermenêutica. Graduada em Filosofia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (2005). Tem experiência de docência universitária e de práxis filosófica. É pesquisadora na área de hermenêutica, ética e ciências da família. É coordenadora do Centro de Estudos sobre a família, da Domus ASF.