Kant e Schiller: das antinomias como fonte transcendental do conceito de beleza

v. 2 n. 2 (2019) - Dossiê "Comemoração dos 20 anos do Curso de Filosofia da Univ. Est. Vale do Acaraú (UVA)" e artigos (Varia). • Revista Helius

Autor: Ralphe Alves Bezerra

Resumo:

Já é bem conhecido o fato de que o próprio Schiller reconhece a "[...] origem kantiana da maioria dos princípios” a partir dos quais se dá o desenvolvimento de suas próprias reflexões “sobre o belo e a arte”. Nesse sentido, é importante notar que a maioria dos especialistas reportam a influência de Kant a partir da Kritik der Urteilskraft de 1790 (Crítica da Faculdade do Juízo). Todavia, esse artigo julga necessário salientar a importância das antinomias kantianas presentes na “Dialética Transcendental”, as quais foram apresentadas por Kant em 1781 na Kritik der reinen Vernunft (Crítica da Razão Pura). Com base nessa observação, percebemos a necessidade de realizar uma investigação acerca da possibilidade de se descobrir uma relação entre o princípio regulador transcendental kantiano, o qual serviu para orientar a passagem do condicionado ao incondicionado, e o conceito de beleza de Schiller que, por sua vez, nos parece, assume a função de princípio regulador-estético, cuja tarefa, de acordo com o próprio Schiller, deve ser a de possibilitar a passagem da humanidade de sua imperfeição finita à sua perfeição infinita. Nesse sentido, a discussão aqui proposta apresenta e defende a tese de que o conceito de beleza schilleriano apreendeu a lição kantiana que serve de resolução à problemática das antinomias, ou seja, nos parece que Schiller metodologicamente converte seu conceito de belo em um princípio regulativo moral de cunho antropológico.

Abstract:

It is well known that Schiller himself recognizes the "[...] Kantian origin of most principles" from which his own reflections "on beauty and art" are developed. It is important to note that most experts report Kant's influence from the 1790 Kritik der Urteilskraft (Critique of the Faculty of Judgment). However, it is necessary to stress the importance of the Kantian antinomies present in the “Transcendental Dialectic”, which have been presented by Kant in 1781 at the Kritik der reinen Vernunft (Critique of Pure Reason). Based on this observation, we realize the need for an investigation about the possibility of discovering a relationship between the Kantian transcendental regulative principle, which served to guide the transition from the conditioned to the unconditioned, and Schiller's concept of beauty, which, in our opinion, assumes the function of aesthetic-regulative principle, whose task, according to Schiller himself, must be to enable the transition from humanity’s finite imperfection to its infinite perfection. In this sense, the discussion proposed here presents and defends the thesis that the concept of Schillerian beauty has grasped the Kantian lesson that serves to solve the problem of antinomies, that is, it seems to us that Schiller methodologically converts his concept of beauty into a moral regulative principleanthropological in nature.

ISSN: 2357-8297

Texto Completo: https://helius.uvanet.br/index.php/helius/article/view/92/114

Palavras-Chave: Kant. Schiller. Antinomias. Princípio regulativo. Beleza.

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