A autonomia da natureza em Ludwig Feuerbach
v. 2 n. 2 (2019) - Dossiê "Comemoração dos 20 anos do Curso de Filosofia da Univ. Est. Vale do Acaraú (UVA)" e artigos (Varia). • Revista Helius
Autor: Eduardo Ferreira Chagas
Resumo:
Partindo de uma interpretação imanente dos escritos principais de Ludwig Andres Feuerbach (1804-1872), o presente artigo remete a um aspecto central de sua filosofia que fora, infelizmente, até hoje insuficientemente investigado, a saber, a sua acepção de natureza. Defende-se, em primeiro plano, a seguinte hipótese: a reflexão de Feuerbach, que se refere à autonomia da natureza, ou seja, à natureza autônoma, que existe independentemente da consciência humana e que procura proporcionar-lhe valor, é para se entender como corretivo à religião e à filosofia especulativa, para poder fazer assim, simultaneamente, fronteiras a tais direções. Desse modo, o presente artigo apresenta a ideia feuerbachiana de que a natureza existe de maneira autônoma e independente e que possui precedência com relação ao espírito. Para Feuerbach, a natureza material independe do pensamento. Ela é, diante ao espírito, o original, o fundamento não deduzível, imediato, não criado de toda existência real, que existe e consiste por si mesmo. A natureza é dada ao homem por meio de seus sentidos como fundamento e essência de sua vida, sem a qual o homem não pode nem ser pensado nem existir. Sob esta condição, ela não deve ser vista como aquilo que ela não é, ou seja, nem como divina, nem como humana. A natureza sempre existiu, quer dizer, ela existe por si e tem seu sentido apenas em si mesma; ela é ela mesma, ou seja, nenhuma essência mística, pois, por trás dela, não se esconde nenhum absoluto, nada humano, nada divino, nada transcendental ou ideal.
Abstract:
Starting from an immanent interpretation of the main writings of Ludwig Andres Feuerbach (1804-1872), the present article refers to a central aspect of his philosophy that, unfortunately, has been insufficiently investigated until today, namely, its meaning of nature. In the foreground, the following hypothesis is defended: Feuerbach's reflection, which refers to the autonomy of nature, that is, autonomous nature, which exists independently of human consciousness and seeks to provide value for it, is to understood as a corrective to religion and speculative philosophy, in order to be able to make boundaries to such directions simultaneously. Thus, this article presents the Feuerbachian idea that nature exists autonomously and independently and takes precedence over spirit. For Feuerbach, material nature is independent of thought. It is, before the spirit, the original, the non-deductible, immediate, uncreated foundation of all real existence, which exists and consists of itself. Nature is given to man through his senses as the foundation and essence of his life, without which man can neither be thought nor exist. Under this condition, nature must not be seen as what it is not, neither as divine nor as human. Nature has always existed, it exists by itself and has its meaning only in itself; it is itself, that is, not a mystical essence, because behind it there is no absolute, nothing human, nothing divine, nothing transcendental or ideal.
ISSN: 2357-8297
Texto Completo: https://helius.uvanet.br/index.php/helius/article/view/108/119
Palavras-Chave: Natureza. Crítica ao Teísmo. Crítica ao Idealismo. Feuerbach.
Revista Helius
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