A eliminação de hipóteses: uma abordagem pragmática
v. 3 n. 2, fasc. 3 (2020) - Dossiê Filosofia & Biologia (Fascículo 3) • Revista Helius
Autor: Marcos Rodrigues da Silva
Resumo:
De acordo com a grande maioria dos filósofos da ciência, um dos méritos epistemológicos de uma teoria científica bem sucedida é que ela sobreviveu a um processos eliminativo de concorrência; várias teorias se apresentam para solucionar um problema científico, e, após a comparação exaustiva de todas as hipóteses, eliminam-se hipóteses inadequadas, e escolhe-se a que melhor resolve o problema. Esse quadro foi contestado pelo filósofo Kyle Stanford, que argumentou que inferências eliminativas nem sempre ocorrem na ciência, e colocou a seguinte pergunta: por que os cientistas nem sempre consideram conhecimentos disponíveis? De acordo com Stanford, o envolvimento de cientistas que operam em uma teoria é às vezes tão grande que eles sequer conseguem conceber alternativas rivais a suas teorias. Neste artigo, aceita-se a constatação histórica de Stanford (cientistas nem sempre consideram conhecimentos disponíveis), porém é oferecida uma explicação diferente, por meio de uma abordagem pragmática. Será argumentado que, ao considerar a ciência como uma prática científica (e não apenas como um conjunto de teorias compostas de enunciados), certos conhecimentos disponíveis, em certos momentos históricos, são deixados de lado não por uma incapacidade dos cientistas, mas por razões pragmáticas.
Abstract:
According to the most philosophers of science, one of the epistemological credits of a successful scientific theory is that it has survived an eliminative process of competition; several theories introduce themselves to solve a scientific problem, and after full-scale comparison of all hypotheses, inappropriate hypotheses are eliminated and the one that solves better than its rivals the problem is chosen. This philosophical framework was challenged by philosopher Kyle Stanford, who argued that eliminative inferences do not always occur in science, and set the following question: why do scientists not always consider available knowledge? According to Stanford, the commitment of scientists who operate on a theory is sometimes so great that they cannot even conceive of rival alternatives to their theories. This paper accepts Stanford's historical observation (scientists do not always consider available knowledge), but a different explanation is given through a pragmatic approach. It will be argued that taking in account science as a scientific practice (and not just as a set of theories composed of statements), some available knowledge at certain historical times is set aside not by the blindness of scientists, but for pragmatic reasons.
ISSN: 2357-8297
Texto Completo: https://helius.uvanet.br/index.php/helius/article/view/159/219
Palavras-Chave: Inferências eliminativas. KyleStanford. História da ciência.
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